Franz Schubert, Amália Rodrigues e Suzy Paula... o que têm em comum?
Bom, aparentemente nada, a não ser que há um nome que faz a ponte entre todos eles!
E esse nome é o da holandesa Lenny Kuhr, nome que certamente não é estranho aos portugueses da minha geração.
Trata-se de uma cantora com uma voz magnifica e que tem um percurso artístico muito interessante.
Lenny Kuhr, que em 1969, era uma muito jovem cantora com 19 anos de idade e apenas dois anos de carreira, ganhou nesse ano o Festival da Eurovisão, ex-equo com outros três concorrentes, interpretando a canção De Troubadour.
Desde aí, Portugal tem estado de algum modo alheio a esta cantora, mas o mais curioso é que ela não se tem alheado de Portugal. Já veremos porquê! Para já façamos um breve percurso pela sua carreira.
A canção que levou à Eurovisão, da sua autoria, fugia completamente ao conceito de canção festivaleira, tendo apesar disso, ou por isso mesmo, um enorme sucesso da crítica e do público!
Julgo que vale sempre a pena revisitá-la pois é uma melodia que não consegue ficar datada. Vê-la-emos aqui na sua apresentação de consagração como vencedora do Festival.
O que se seguiu para Lenny Khur, foi uma carreira internacional, tendo como base Paris. Nessa cidade, durante os anos 70, associou-se ao grande cantor francês Georges Brassens, fazendo durante anos espectáculos conjuntos.
Posteriormente, a sua vida pessoal levou-a ao casamento, à conversão ao Judeísmo e a uma ida para Israel, onde viveu vários anos da década de 80.
A sua carreira entretanto foi-se consolidando, tendo-se tornado num dos nomes mais prestigiados da Holanda, quer através de bem sucedidas interpretações das canções de Franz Schubert, que ficaram belíssimas na sua voz.
Quer através de colaborações com com o guitarrista Freek Dicke.
Num dos seus melhores trabalhos, feito em colaboração com aquele instrumentista, chamado Heilig Vuur, Lenny Kuhr resolve deixar libertar a sua paixão por um género musical que muito admira, o Fado.
Admiradora de Amália Rodrigues, compõe a canção Ik Zal Altijd Om Je Blijven Geven (Dar-te-ei sempre), onde a influência do fado se encontra muito presente.
Mas a sua admiração ao fado não se ficaria por aqui, a pouco e pouco ele irá fazer parte integrante do seu repertório!
Primeiro incorpora nele e grava uma versão em holandês do “Fadinho da Ti Maria Benta” de Amália.
Mais tarde, assumindo a sua paixão por este género musical, grava um disco com o nome de FADISTA, em que presta uma bela homenagem à “canção nacional” portuguesa.
Nesse trabalho, além de canções originais, onde a melancolia e a saudade são temas de referência e onde as sonoridades fadistas estão sempre presentes, Lenny Kuhr interpreta, na sua lingua natal, dois fados de Amália, sendo um deles “Solidão” de Frederico de Brito, Ferrer Trindade e David Mourão Ferreira.
Sendo autora de belíssimas melodias e de versos inspirados, os seus maiores sucessos contudo, teve-os inesperadamente em canções completamente fora do percurso normal da sua carreira.
Em 1972, em França, esteve várias semanas no 1º lugar das tabelas de vendas com a versão gaulesa da canção de Roberto Carlos “Jesus Cristo”.
E na Holanda, no inicio da década de 80, tornou-se praticamente um símbolo nacional, com direito a reconhecimento governamental, por causa de uma canção infantil que compôs e interpretou com um conjunto francês de crianças chamado Poppys.
Esta canção viria também, entre nós, a ser muito popular junto do publico mais pequeno, após ter sido gravada em português por….. Suzy Paula.
Lenny Kuhr encontra-se actualmente a celebrar os seus 40 anos de carreira, dando frequentes espectáculos pelos Países Baixos, nos quais já se tornou inevitável a apresentação de “Uma Casa Portuguesa”, o outro fado do seu disco “Fadista”.
Hoje, que é dia de mais um Festival da Eurovisão, parece ser justo trazer à memória dos visitantes deste espaço, esta cantora de facetas tão diversas e com uma sensibilidade tão próxima da dos portugueses.
Há 14 anos
ola
ResponderEliminarobrigado pelo comentario simpatico.gosto que quem me le consiga visonar o que escrevo.
quanto ao post sobre lenny khur... fantastico. sei o trabalhao que da fazer inserir videos e texto.
por outro lado, tudo se apresenta numa boa sequencia.
beijinhos
Mais um muito bem elaborado texto, no dia do ESC; através da vida artística de Lenny Khur, e como me lembro dessa muito bela melodia com que ganhou o Festival, vais ligando personagens musicais que nada têm entre si, a não ser a versatilidade dessa cantora.
ResponderEliminarObrigado por mais esta maravilhosa partilha, já estou à espera de mais...
Abraço.
obrigada.
ResponderEliminar.
mt.
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e tb pelo re.lembrar!.
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abraço. cordial.
Gosto deste espaço onde há um conceito de aprendizagem, subjacente na blogosfera. Relembrei Lenny Khur de quem não ouvia falar há algum tempo e desconhecia a sua ligação aos portugueses.
ResponderEliminarbeijos
Virei aqui com mais tempo, para saber tudo sobre Lenny Kuhr, de quem perdi o rasto de pois do Trobadour! Obrigada pelas informações, é bom aprender sempre:))
ResponderEliminarE bem-vindo lá pelo meu canto, Amasterdam é uma paixao...
Brilhante Amigo:
ResponderEliminarA sua homenagem aos talentos da música traduz-se pela amabilidade e interesse pelos seus intérpretes e o seus inequívocos valores.
É uma postura muito correcta, não esquecedo valores e prestando-lhe uma homenagem bem merecida.
Eles e elas agradecer-lhe-ão, acredite?
Quer seja a lindíssima voz e presença de Lenny Kuhr, que tão bem expressa, quer sejam todos os outros a que dá viva voz.
Excente. Adorei!
Um Bem-Haja pelo enorme pessoa de bem que é.
Nunca esqueci o Festival da Canção, faz-me regressar no tempo. Abraçar a minha infância com aquele momento mágico de beleza e de todo o intresse na busca de talentos musicais, em que não nos saíamos sempre lá muito bem, apesar de torcermos sempre pela canção portuguesa.
Abraço amigo de felicitações pela sua conduta e forma de estar e sentir.
Sem mais.
O AMIGO
pena
as coisas que não sabemos...
ResponderEliminargostei de saber...
ResponderEliminarabraços
Não conhecia esta cantora até a leitura deste artigo. Com as canções que incluiu, comprovei a sua versatilidade. De fato, uma ótima artista.
ResponderEliminarUm abraço!
um dos momentos de união familiar, na altura! não me lembro de lenny khur, mas gostei de conhecer a sua versatilidade.
ResponderEliminarGostei muito de saber esta história e do blog em geral.
ResponderEliminarE, caso seja possível, gostaria de utilizar parte deste texto no meu blog
www.portugal-mundo.blogspot.com
Obrigado,
OF