Fui ver o musical produzido por Filipe La Féria.
Bom pretexto para voltar ao Blog.
O que dizer do que vi?
Digo que ficou um sentimento de frustração!
E já nem refiro a fraca qualidade do espectáculo, refiro a dissolução da magia que esta obra comporta e que transpareceu sempre que a tinha visto, ou ouvido.
Uma magia que vinha pela música excepcional, pela ambiência, pelas interpretações, pelo apuro do canto, pela beleza de Salzburg, pelas grandiosas montanhas que Robert Wise tão bem soube filmar.
Mas frustração porquê? Claro que não estava à espera de ver no palco Julie Andrews ou Mary Martin.
Claro que não estava à espera de ter a Broadway ou o West End nas Portas de Santo Antão.Então o que esperava?Esperava não ver uma récita de amadores, cuja qualidade artistica se resume a cantar afinadamente.
Anabela, que nessa noite foi a protagonista, esteve bem nas canções, mas a sua representação revela uma completa falta de vocação para a arte de Talma. Não consegue ser minimamente convincente… Foi sempre a Anabela mascarada de Maria…
Carlos Quintas, o moreno Von Trapp parecia querer despachar o texto em grande velocidade.
Joel Branco, o Max Detweiler de serviço idem, idem… num tom revisteiro que não percebo a que propósito ali foi metido.
Vera Mónica, a Baronesa Elsa Schroeder e a sua pobre peruca loura, parecia mais longe da sofisticada Eleanor Parker do que de uma qualquer matrona do Intendente. Sempre em over-acting, não conseguiu em nenhum momento dar-nos a figura distante e elegante da aristocrata vienense deslocada nno meio provinciano de Salzburgo.
O mordomo e os dois oxigenados criados da casa, saricoteavam-se mais à laia de animadores do Trumps do que de serviçais de uma casa senhorial.
A Liesl portuguesa de tão novinha, parecia uma nervosa vítima dos avanços pedófilos de um Rolf relativamente consistente.
O desequilíbrio entre os dois era tão gritante, que as suas insuficiências de representação e de canto, tornaram-se quase patéticas quando chegaram ao tema "16 quase 17"
Será que La Féria não sabe dirigir actores? Será que lhe basta ter no palco pessoas que apresentem um texto, e não que o representem....
E quem teria feito a adaptação das canções?.... Depois de duas bem conseguidas ("As coisas que eu gosto" e "Do Re Mi") deve-se ter cansado e nunca mais conseguiu uma métrica ajustada e a sonoridade adequada.
O que terá levado La Féria a não ter utilizado nenhuma das versões anteriores?Apenas o não ter que repartir direitos de autor? E a qualidade artística, onde ficou?Frustação.... É claro que sim... Este é um musical de referência... que merecia mais e melhor!
Foi tudo mau?... Claro que não!... Lia Altavila (magnifica no Climb every mountain), Helena Rocha (apesar de parecer mais ela própria do que a Governanta) e boa parte da cenografia.
Quanto a esta apenas um reparo para a solução que foi escolhida para a noite de Baile. Pôr os convidados a dançar num corredor... ainda que com espelhos... é no mínimo, disparatado. Mas enfim... foi uma solução fácil e económica. Triste também!
Um espectáculo muito fraco..., com músicas fabulosas e maioritariamente bem cantadas....E tão só.
Vi, fiquei desapontado e não aconselho.
Há 14 anos
Concordo em absoluto. Já tinha visto anteriormente o My Fair Lady e a sensação que fica é genericamente de representações mediocrezinhas, o que me leva a concluir que o problema não será dos actores mas sim de quem os dirige.
ResponderEliminarNão concordo nada. Eu gostei imenso deste espectáculo assim como de "My Fair Lady" que foi considerada a melhor produção a nível mundial pela revista "Time"! "Música no Coração" apesar de não ser um musical tão mágico é lindissimo. Os cenários são muito complicados e sofisticados, os figurinos de bom gosto (sobretudo quando formos a comparar com a versão inglesa que está em cena em Londres). Filipe La Féria é um excelente encenador e todo o espectáculo ficou por mais de 1 milhão de euros o que é bastante sobretudo num Teatro que não recebe subsidios do Estado. Os actores são maravilhosos. Anabela é óptima como Maria com a sua voz limpida e o seu olhar doce. Carlos Quintas é um eterno galã com a sua voz poderosa, onde o papel de Capitão Von Trapp lhe assenta como uma luva. Joel Branco tem com Max o papel da sua vida neste musical e Helena Vieira, Lia Altavila e Helena Afonso são inagualáveis, fazendo arrepiar como freiras do convento. As crianças são lindas, muitissimo talentosas com um destaque para a mais novinha que é um espanto. Tiago Diogo com o seu Rolf também vai muito bem, sendo que para mim a única nota negativa do espectáculo vai para Vera Mónica. Penso que esta actriz e cantora não tem o perfil adequado à sua personagem (Baronesa). Falta-lhe classe e distinção penso. De resto é um musical excelente que aconselho vivamente !!!
ResponderEliminarCaro Diz_traído e Cara Filipa Santos
ResponderEliminarObrigado pelos comentários.
Temos de facto um caso de concordância e outro de discordância de fundo sobre o espectáculo. Discordância profunda mesmo.
Espero que ambos possam continuar a perder uns minutinhos periodicamente para visitar o IN_SENSO e a discordar ou a concordar sempre que lhes apetecer.
Serão sempre bem vindos e lidos com atenção!
E se quiserem polemizar...OPTIMO... da discussão nasce a luz...
Realmente é muito triste ! A Humanidade não aprenderá decerto a viver sem julgamentos!Enquanto existirem pessoas mediocres, como o proprietario deste blog, nada em Portugal terá valor...sim porque esse senhor ou é Mozart ou shakespeare...Porque de todos os comentários que o vi fazer neste blog saiu sempre das peças "com razoável satisfação"LOL...é muito triste a frustração.
ResponderEliminarÉ bom dizer coisas sem seson escondidos atrás de um nome com senso. Esta é a trsite realidade da blogosfera, dar opiniões e não dar a cara por elas... Quanto à opinião de tão absurda nem me vou dar ao trabalho de a comentar.
ResponderEliminarFernando Campos
fernandocampo65@gmail.com
Todo este comentário parece-me mais resultado de um bom-invejoso do que um bom-crítico, aliás, como podemos ter em conta a opinião de alguém que nem sequer se identifica a si próprio?
ResponderEliminarAchei-o sem noção de encenação e compara o incomparável. É óbvio que o musical em peça tem de ser diferente do musical em filme, portanto se avaliar a peça por si só, individualmente, verá que se trata de uma excelente encenação circunferenciada de excelentes actores. Alem disso, a forma como faz os seus comentários é, para além de, "destruítiva" muito ordinária, pelo que fica muito mais aquem do que qualquer peruca horroso de qualquer baronesa.
Assim sendo, considero-o mais "non-sense" do que "in-senso".
P.S.: Mas como este comentário é anónimo, não o obriga a tomá-lo em consideração.
Não vi. Mas vi o Amália e foi para esquecer. Os fados eram bem cantados, mas a representação era para vomitar...
ResponderEliminarNão me admira que este tenha sido a mesma coisa.
Não percebo estas pessoas que só gostam do que se faz lá fora e não valorizam os artistas portugueses.
ResponderEliminarVi a Musica no Coração e achei lindo!!
Vi a peça porque eu e a minha mulher escolhemos a Musica no Coração para primeira experiência Teatral dos garotos (8 e 10 anos).
ResponderEliminarEm má hora o fizemos! Tudo o que se disse neste blog ainda é pouco para traduzir a miséria que aquilo foi.
Já vi muitos musicais lá fora e tenho andado a resistir para ver as coisas do La Féria. Eu bem pressentia!
Não te doam as mãos CONSENSO! Vai em frente!
Vi neste blog serem tratados assuntos bem mais interessantes que este. No entanto foi aqui que as moscas pousaram! Porque será?
Por isso é que este país não vai para a frente com gentinha desta a deitar a baixo o que se faz em Portugal.
ResponderEliminarSó porque têm dinheiro para ir lá fora ver espectáculos julgam-se mais espertos que os outros!
Uma tristeza!
Só quem nunca leu as temidas críticas teatrais londrinas e novaiorquinas é que diz o disparate desta ser destrutiva. Só quem não leu nunca as críticas que também em Portugal se fizeram antigamente é que se espanta!
ResponderEliminarSó quem é surdo e pateta pode achar que se vê bom teatro no Politeama.
La Féria teria feito melhor em limitar-se a apresentar uma versão concerto. Já que não tem matéria prima humana para levar a bom porto a representação.
Nunca se é destrutivo por dizer a verdade apontando as razões, como está feito no blog.
A tradição da verdadeira critica teatral é usar a acidez, ser contundente, dura e mordaz.
A boa tradição do público do teatro é premiar com aplausos quando gosta e com valentes pateadas quando não gosta. Actualmente os brandos costumes imperam em Lisboa, por puro provincianismo.
Por isso só a ignorância pode produzir comentários tão cretinos como alguns dos que aqui li.
Infelizmente a contundência crítica perdeu-se completamente, pois deixou de existir uma verdadeira crítica teatral. Há apenas os amigos que escrevem umas coisas simpáticas e nada mais.
Tenho 43 anos, sou um amador de teatro e dedico-me ao estudo da sua história, por gosto e por formação académica. Dou a cara pelo que digo
Os comentários que vi sobre esta e sobre as outras peças e o estilo usado são de jornalista! Estarei enganado? Textos que em vez de ficarem na gaveta do editor vêm para a blogosfera? Gosto, ponha mais cá fora!
Pedro Ferreira
pedrojacintoferreira@yahoo.com.fr
Grandes merdosos! Intelectuais da treta! Vão mas é todos foder-se!
ResponderEliminarRealmente .... porque será que as moscas pararam neste post?... Atrever-me-ía a arriscar que o(s) representate(s) de alguém intimamente ligado à peça não só não gostou do que leu como aparentemente sentiu-se muito mal com isso. Para outros parece que não se deve criticar, se for para não dizer bem. Parece finalmente que para algumas outras "moscas" que aqui pousaram pode-se criticar .... "desde que seja em casa, na esquina ou no café" (onde é que eu já ouvi isto?....). E como não poderia deixar de ser, há sempre espaço para aquelas outras que não sabem dizer mais nada do que duas linhas de .... "mosquices"!... Uma perguntinha: alguém se deu ao trabalho de ir ver o "Jesus Cristo Superstar"? Tenho curiosidade em saber se o mal é do encenador ou dos actores mesmo!!
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