domingo, junho 08, 2008

A escolha

Balsemão disse, em tempos, que as televisões tanto podem vender um sabonete como um presidente da Republica e a actual campanha presidencial americana vem dar-lhe toda a razão.

Para se tornarem conhecidos e populares, os políticos vão-se sujeitando e pactuando com todas as formas de fazer política.

Todas as formas de captar atenção vão servindo, para angariar votantes, mesmo as mais inesperadas, quando se promete a diferença na política:



Obama é um político jovem, dotado de forte carisma e de uma excelente capacidade oratória.

Também é um homem muito inteligente!

Transmitindo a imagem de homem sério, que certamente é, não tem contudo, na minha opinião, a experiência política e de vida necessárias a uma verdadeira consistência política presidencial.



Talvez por isso, Obama já tenha afirmado tudo e o seu contrário, sempre com a mesma inabalável convicção e tanto mostrou a sua admiração pelas políticas de Ronald Reagan, como se manifestou aberto e compreensivo para com o actual líder iraniano.

Diz que é diferente e que quer que a política seja feita de forma diferente. Infelizmente, quer os escritos, quer os discursos (cujas traves mestras nem é ele que pensa ou redige), são tão simpáticos, quanto vazios de conteúdo.
Vazios e contraditórios! No entanto simpáticos, e divulgados até à exaustâo pela principais cadeias de televisão!


O que o torna tão atractivo?
Obama ofereceu uma miragem: Um político jovem, teoricamente descomprometido com lobbies, diferente nos métodos e atitudes!


Bom, de políticos que se apregoam diferentes dos outros, alardeando superioridades morais, já todos vimos exemplos, normalmente tristes e decepcionantes e... descomprometido com lobbies?
Bem, olhemos com algum cuidado as listas de doadores e os seus apoiantes financeiramente mais poderosos!

Afinal de onde lhe vêm os apoios mais significativos?
Vêm de David Plouffe (George Soros), Zbigniew Bzrezinski (Rockefeller), Dennis Ross (Jewish People Policy Planning Institute, Trilateral, Bilderberg).

Os americanos que há 8 anos atrás preferiram Bush a um homem como Al Gore, agora possivelmente irão colocar no seu lugar alguém cuja principal experiência política é a de dois anos no Senado!
Alguém que na sua própria autobiografia se mostra deslumbrado com os bastidores de Washington, convicto de ser o “escolhido” e com evidente pressa para ir mais longe!


Por mim, se fosse americano teria preferido Hillary Clinton agora, esperando que dentro de oito anos um Obama mais maduro e experiente tivesse então a oportunidade de chegar à Casa Branca.



Não aproveitar a experiência e as capacidades de Hillary é, quanto a mim, um desperdício absurdo. Mas, com os média, detidos pelos meios financeiros mais poderosos, obstinadamente contra ela e não perdendo uma oportunidade para a diminuir ou a humilhar, o seu destino político estava traçado.

Hillary foi, ainda muito jovem, sensação na Imprensa nacional americana, em 1969, quando ao ser escolhida para fazer o discurso de formatura em Ciências Políticas, na sua Universidade, teve mais de sete minutos de aplausos entusiasmados de toda a plateia, pelas desassombradas criticas que dirigiu ao orador anterior, o senador Edward Brooke.


Considerada como um dos 100 melhores advogados dos Estados Unidos, esteve envolvida desde o tempo de Jimmy Carter na preparação de políticas sociais, a favor das crianças e dos mais pobres, das políticas de ataque ao HIV/SIDA, às políticas de apoio aos professores do ensino público.

Foi no tempo da presidência de Billy Clinton, a responsável pela preparação de um programa que introduziria no país um sistema universal de saúde, que acabou por ser bloqueado no Congresso por influência das poderosas seguradoras, as mesmas que estrategicamente agora apoiaram Barak Obama.


Com várias licenciaturas e doutoramentos em Direito e áreas sociais, uma experiência de quase 40 anos em actividades públicas e o apoio declarado da maior parte dos oficiais generais americanos, após no Senado ter produzido a melhor legislação de regulamentação interna das Forças Armadas Americanas, Hillary Clinton apelou agora ao apoio a Obama, em nome da vitória dos ideais e da unidade do Partido Democrático.

E, tendo em conta os sinais já existentes, o Partido Democrático bem precisa de unidade se quiser vencer McCain.



Esperemos agora que Obama, que tão bem soube aproveitar os apoios que lhe surgiram para que impedisse a nomeação de Hillary Clinton, não seja agora trucidado por esses mesmos interesses ou, pior ainda, deixar-se manipular por eles.

Será importante para o mundo, a vitória e uma boa presidência deste jovem e inesperado candidato.