segunda-feira, junho 23, 2008

Destino incerto



Em 2002 desapareceram em Portugal 734 pessoas com menos de 30 anos e só de 260 é que se veio a conhecer o seu paradeiro.


O número é assustador, muito embora se saiba que, no que se refere a jovens adultos, o desaparecimento resulta muitas vezes de vontade própria, devido a divergências familiares.

Seja como fôr, a verdade é que os desaparecimentos vão continuando e, se é certo que, no que se refere a crianças, a maior parte dos casos registados tem que ver com disputas do poder paternal, mais do que com crimes pedófilos, a verdade é que há inúmeros casos por resolver e sobre os quais se tem que temer o pior, não sendo demais os esforços para combater o crime e os criminosos.




Quando se consulta a página de pessoas desaparecidas da Polícia Judiciária, fica-se entretanto com a ideia de que há um número anormalmente elevado de pessoas idosas cujo paradeiro é desconhecido.

Nestes casos, a maior parte das situações ocorrerá devido a problemas psíquicos e acabam por ser resolvidos, mas o certo é que subsistem sempre bastantes ocorrências em que essas pessoas não mais são encontradas, o que para mim é fonte de enorme perplexidade!

Sem querer especular com um assunto que me parece tão grave e melindroso, realço apenas que há a necessidade premente e permanente de não deixar esquecidos esses casos.

Tanto os das crianças, que são normalmente foco de atenção de toda a comunicação social, como os dos mais velhos que tendem a ficar na obscuridade.

Por isso e como ultimo post antes de férias, resolvo recolocar o tema dos desaparecimentos acrescentando mais alguns aos que referi já no mês transacto.
Para mais informações consultar a página da Polícia judiciária em http://www.pj.pt/htm/pessoas.htm

Pamela Matias Santos, desaparecida aos 16 anos em 23 de Setembro de 2007


Sara Raquel Pinho Reis, desaparecida com 16 anos em 7 de Março de 2007



Luís Tavares Neves, desaparecido aos 88 anos em 26 de Janeiro de 2007


Maria Isaura Ferrreira, desaparecida com 73 anos em 8 de Novembro de 2006



Luís Manuel Carrapato, desaparecido aos 81 anos em 3 de Abril de 2008



José Fernandes, desaparecido aos 90 anos em 19 de Agosto de 2007



João da Encarnação Tomé, desaparecido aos 70 anos em 17 de Março de 2007



Gerda Charlotte Danielowski desaparecida aos 74 anos em 18 de Julho de 2007


Mais jovens e mais velhos, são de facto os mais vulneráveis e embora este contributo possa ser muito modesto e inócuo, não quis deixar de marcar novamente presença neste espaço com este tema.

Deixo-vos com ele e com um abraço a todos os amigos e amigas que visitam regularmente este espaço e….Até ao final de Julho.

Boas férias para todos e votos de coragem e sorte para todas as famílias que neste momento vivem a angústia de um ente querido desaparecido
.

sábado, junho 14, 2008

SALVEM O LARGO DO RATO

Caros amigos e amigas

Há um novo projecto para o Largo do Rato, que já vem do mandato de Santana Lopes e que, segundo parece, pouco falta, para que tenha aprovação para o começo das obras:

O que é actualmente assim:


Foto retirada do blog Lesma Morta

De acordo com esse projecto e segundo uma fotomontagem do EXPRESSO ficará assim;




Já tinha ouvido falar nesta questão, mas depois de ler o post do BLOG Lesma Morta
http://lesmamorta.blogspot.com/2008/02/fotomontagem-expresso-respeitando-as.html

fiquei perplexo com a enormidade que alguém pensou fazer naquele largo de Lisboa.


Na minha modesta opinião, aquele local deveria ser mantido, tal como está!


As opiniões que são atribuídas ao actual responsável do urbanismo, arquitecto Manuel Salgado, no entanto, deixam-me bastante preocupado, pela compreensão que mostra por este projecto.


Seria bom que se começasse a pensar que a cidade é de todos nós e não pode apenas ser objecto de decisão por técnicos camarários, ainda que sejam pessoas com bom nome na praça!


Em meu entender, se querem construir aquele edifício deveriam escolher um outro local onde se harmonizasse com o que já está construído!


No blog acima referido encontra-se uma petição on-line:

http://www.petitiononline.com/lgrato/petition.html

Face a esta ameaça contra a cidade de Lisboa, peço a todos os visitantes deste modesto espaço, que deêm a conhecer este caso e esta petição.


Todas as vozes são importantes para que se mostre aos responsáveis autarquicos, que os cidadãos estão atentos e não pactuam com loucuras destas.


Termino dizendo que em meu entender alguém com o mínimo sentido de responsabilidade e AMOR pela cidade deveria de imediato chumbar projectos destes, aquando da sua apresentação.... E estranho muito que uma cidade como Lisboa, não possua regras e regulamentos que impeçam este tipo de ofensas à cidade!

Repito pois o meu apelo a todos os amigos e amigas que possuem espaços bloguisticos e que visitam este modesto local.

Por favor divulguem este caso e esta petição, para que o movimento de opinião pública que se formar tenha a força suficiente para impedir mais esta monstruosidade que se prepara para a nossa Capital.

quinta-feira, junho 12, 2008

Que ideia de cidade?


Em que tipo de cidade gostariamos de viver?

Numa cidade romântica e de traços clássicos?





Numa cidade como a que nos propôs Le Corbusier?



Ou numa cidade futurista?



Se é difícil perceber o que cada um dos dez milhões de cidadãos pensa e deseja como modelo de cidade, já não deveria ser difícil conhecer as opiniões dos nossos presidentes de Câmara!

No entanto, alguma vez se ouviu algum candidato autárquico dizer que tipo de edificios quer ver construídos nas diferentes zonas da cidade? Ou o que modelo de cidade quer utilizar quando for construir novas ruas e praças, em novas urbanizações?

Já algum candidato a presidente de Câmara – e falemos de Lisboa, que é onde vivo – disse o que gostaria de fazer, em termos concretos, com as zonas mais nobres da cidade?

Na verdade, aquando da apresentação das candidaturas, nunca nenhum expressou uma ideia que fosse a esse respeito, nem nunca vi nenhum meio de comunicação social assinalar essa omissão!

Em Lisboa, no cruzamento da Avenida da República com a Avenida António Serpa, existiu este edifício!

Edificio que se situava na esquina da Av. da República com a Av. António Serpa




Há quase 10 anos, que apenas está lá um espaço vazio!

Admito que já existam projectos para o local, mas que projectos?

Que aspecto irá ter a Avenida da República nesse local? Vão-se repetir os erros que no passado se cometeram, ou ir-se-á respeitar a história da Avenida? Há uma política camarária a este respeito ou, o que se construir depende das circunstâncias?


Far-se-á a reposição do que existia, fazendo um prédio exactamente igual? Ou algo como o que se encontra em frente a este espaço, do lado oposto da Avenida da República?


O edificio mais alto com a sinalética COSEC é o fronteiro ao edifico demolido na Av. António Serpa




Se eu tivesse algum voto na matéria, eu gostaria que a Avenida da República fosse completamente transformada, repondo-se o carácter e a ambiência que já teve nos anos 20 e 30 do século passado, em que existiam prédios magníficos, dos quais infelizmente só restam alguns!

Repare-se neste belo edifício, prémio Valmor em 1923, e repare-se igualmente nas edificações que estão ao seu lado, que quase o anulam, fazendo-o parecer como que deslocado no seu próprio espaço.



A verdade é que, se felizmente que não houve o atrevimento de destruir alguns dos mais belos edifícios da Avenida da República, o certo é que a classificação de apenas alguns deles, acabou por permitir a substituição dos restantes por "coisas" que transformaram aquela Avenida em algo com um carácter completamente diferente do que existiu. Melhor? Creio que não, infelizmente!

A solução para manter a graciosidade e a elegância daquela Avenida teria sido simples! Bastaria a que a construção de novos edifícios no local fosse feita dentro do mesmo estilo dos edifícios mais importantes que permaneciam. É aliás uma regra de bom senso, que muitas cidades aplicam por esse mundo fora.


Edificio de esquina da Avenida da República com a Avenida João Crisóstemo (foto dos anos 40)




Creio que se tivéssemos obrigado a que as novas construções, seguissem o estilo do anteriormente edificado, como se fez, por exemplo, com a reconstrução do Chiado, teríamos hoje uma Lisboa mais bela, mais humana, mais agradável, e uma Avenida da República extremamente elegante, o que certamente, até em termos de valorização imobiliária da área, não seria de desprezar...

Poder-se-á dizer que voltar atrás é impossível e que os erros acumulados durante décadas não se poderão remediar, pois os custos financeiros seriam insuportáveis.

Bom, muitas cidades na Europa, após a destruição provocada pela Guerra, não pensaram assim!


Admito, contudo, que a realização de um "sonho" deste tipo seria dificil, mas apesar disso, gostaria de deixar as seguintes observações:

Primeira observação:
Ainda não é tarde no que se refere aos espaços que existem na Avenida da República e que se encontram à espera de novas edificações! Se aparentemente há uma unanimidade relativamente ao sentimento de perda do carácter da Avenida, porque não então, obrigar a que as novas construções nesses espaços obedeçam ao respeito pela traça antiga?

Segunda observação, contendo uma sugestão concreta:
Porque não fazer da construção que se irá realizar no local onde se situou a Feira Popular, um quarteirão romântico, utilizando os projectos de edifícios do final do século XIX e principio do século XX, que foram destruídos naquela e noutras Avenidas de Lisboa? Porque não pagar assim uma dívida histórica para com a cidade?

Vejamos alguns exemplos de edificios demolidos:




Prédio da Avenida da República demolido em 1949, deu lugar a prédio de 8 pisos




Prédio na Avenida Duque de Loulé demolido em 1954, substiuido por edificio de 7 pisos


Prédio da Avenida Tomaz Ribeiro demolido em 1954, substituido por edificio de escritórios


Terceira observação:
No que se refere à Avenida da República, os apetites parece que não sossegam, as ideias e a vontade de intervir não faltam e a possibilidade de se arranjar o dinheiro necessário, parece que também não. A este propósito, deixo aqui transcrito o artigo do jornalista Filipe Morais do Diário de Noticias, publicado em 15 de Maio de 2006, sobre um projecto do tempo de Carmona Rodrigues, com o título: A Avenida da República vai ter prédios mais altos - para quem quiser ver o artigo no respectivo site aqui segue o link:

http://dn.sapo.pt/2006/05/15/cidades/avenida_republica_ter_predios_mais_a.html

Independentemente do que se possa pensar sobre este projecto, a verdade é que a hipotese da sua realização pela Câmara de Lisboa, significa que algo pode ser feito para modificar a Avenida da República! Então, se algo pode ser feito, não seria altura de se ponderarem todas as hipoteses de alteração, dando aos cidadãos a palavra sobre o que pretendem para a sua cidade?


Transcrevo agora o referido artigo:



"A Avenida da República vai ter prédios mais altos (Filipe Morais - DN)


Uma avenida mais homogénea, com uma imagem urbana requalificada e que atraia mais pessoas para o centro da cidade, é o objectivo do Plano de Alinhamento e Cérceas para a Avenida da República, que a vereadora do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa vai apresentar na próxima reunião pública da autarquia.No total, este plano de pormenor, em modalidade simplificada, vai envolver 130 edifícios e deverá resultar numa Avenida da República com um ar renovado.


O plano de Gabriela Seara prevê um acréscimo de edificabilidade de 44%, com mais 77 327 metros quadrados, através do crescimento das cérceas, a dimensão vertical das construções.O objectivo é permitir que alguns dos edifícios daquela artéria possam crescer e construir novos pisos. Gabriela Seara explicou ao DN que "há quarteirões muito díspares, onde há 'desdentados', e em alguns casos conseguimos resolver esse problema", com edifícios que "podem sofrer uma remodelação profunda, incluindo demolições, ou só alterações parciais, ou construção em volume, tendo que manter as fachadas".


A vereadora sublinha que "o objectivo deste plano, que inclui definições para alterações de usos e características arquitectónicas, é o de salvaguardar, reabilitar e integrar valores patrimoniais" e "identificar e reabilitar os usos residenciais".


A responsável pelo Urbanismo da cidade acrescenta que "isto é uma nova visão da cidade, o facto de começarmos a atrair pessoas para uma zona que é bem servida de acessibilidades. É o que nos interessa, promover a habitação e repovoar os eixos centrais da cidade".


Neste plano de alinhamento e cérceas, que, após aprovação na autarquia, terá de ser enviado à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR), houve ainda a preocupação de "conseguir uma valorização positiva para os que construíram património urbano de qualidade e que actualmente são prejudicados por aqueles cujo património não é qualificado". Assim, ajuda-se ainda "quem não teve preocupações de qualidade em edifícios que podem agora aumentar os fogos ou a volumetria".


Método perequativo


No entanto, o projecto vai mais longe, prevendo compensações para os edifícios classificados e "que perdem uma edificabilidade que os seus vizinhos do lado podem ganhar. Por isso, têm de ser compensados, pelo facto de não lhes poderem mexer". Gabriela Seara chama a atenção para o facto de que "quem vai pagar essa indemnização são os que podem mexer.


Conseguimos um sistema perequativo, em que uns pagam, outros recebem e outros pagam e recebem, por poderem construir, mas só até um determinado limite". As contas da perequação compensatória prevêem já um valor de mais de 16 milhões de euros, que será pago pelos edifícios que podem construir aos que não podem. A verba deverá ser aplicada na reabilitação destes edifícios. Os benefícios a reverter para a CML serão acima dos 18 milhões de euros.


Quanto ao sistema de pagamento, a vereadora adianta que "ainda está em estudo, até porque a câmara não pode fazer afectação de verbas", mas "um fundo permitiria monitorizar a execução e perceber, de forma transparente, quantos pagaram, quantos receberam e se está a decorrer como previsto".Para o ganho de 77 mil metros quadrados na Avenida da República, onde a cércea média é de 31,5 metros de altura, 49 podem ser mexidos, 27 não poderão ser alterados e dez estão na situação em que podem ser alterados, mas não até ao limite, pelo que, segundo o método perequativo, pagam e recebem. Há 46 edifícios que ficam de fora do plano.


O projecto para a Avenida da República inclui já o espaço da Feira Popular de Lisboa, "que já tem um loteamento aprovado". Gabriela Seara refere que nas construções para aquele espaço, "se quiserem aumentar ou fazer alterações, já sabem que a partir de um limite não mexem" e reforça a importância destas "regras, sobretudo em avenidas sensíveis. Ao contrário do que dizem, diminuem a especulação imobiliária", porque estão definidas à partida.


A aplicação deste projecto poderá ter início no próximo ano. Depois do envio à CCDR, o plano terá que passar por um período de discussão pública e "todos os grandes proprietários vão ter que ser ouvidos". Depois do parecer da CCDR, a câmara tem que votar o projecto novamente, enviá-lo à aprovação da assembleia municipal e só depois pode ser ratificado, pelo que só deverá entrar em vigor em 2007. "São processos muito participados. é mau porque demora, mas é melhor assim", disse a autarca.


Sobre os objectivos deste plano, Marina Tavares Dias, estudiosa da cidade de Lisboa, entende que "tudo o que venha impor regras é bom, mas é preciso analisar caso a caso" e afirma que, actualmente, "a Avenida da República é um somatório de tudo o que não devia ter sido feito desde os anos 50 e está transformada num caos absoluto. A especialista critica o facto de a avenida "ser uma auto-estrada com prédios dos lados" e a falta de residentes: "O trânsito é intenso, mas às 21.00 já não se vê ninguém na rua." Assim, sem se querer pronunciar sobre o plano por não o conhecer, diz que "qualquer coisa que se tente melhorar é sempre louvável, mas se for para burocratizar, não vale a pena".

domingo, junho 08, 2008

A escolha

Balsemão disse, em tempos, que as televisões tanto podem vender um sabonete como um presidente da Republica e a actual campanha presidencial americana vem dar-lhe toda a razão.

Para se tornarem conhecidos e populares, os políticos vão-se sujeitando e pactuando com todas as formas de fazer política.

Todas as formas de captar atenção vão servindo, para angariar votantes, mesmo as mais inesperadas, quando se promete a diferença na política:



Obama é um político jovem, dotado de forte carisma e de uma excelente capacidade oratória.

Também é um homem muito inteligente!

Transmitindo a imagem de homem sério, que certamente é, não tem contudo, na minha opinião, a experiência política e de vida necessárias a uma verdadeira consistência política presidencial.



Talvez por isso, Obama já tenha afirmado tudo e o seu contrário, sempre com a mesma inabalável convicção e tanto mostrou a sua admiração pelas políticas de Ronald Reagan, como se manifestou aberto e compreensivo para com o actual líder iraniano.

Diz que é diferente e que quer que a política seja feita de forma diferente. Infelizmente, quer os escritos, quer os discursos (cujas traves mestras nem é ele que pensa ou redige), são tão simpáticos, quanto vazios de conteúdo.
Vazios e contraditórios! No entanto simpáticos, e divulgados até à exaustâo pela principais cadeias de televisão!


O que o torna tão atractivo?
Obama ofereceu uma miragem: Um político jovem, teoricamente descomprometido com lobbies, diferente nos métodos e atitudes!


Bom, de políticos que se apregoam diferentes dos outros, alardeando superioridades morais, já todos vimos exemplos, normalmente tristes e decepcionantes e... descomprometido com lobbies?
Bem, olhemos com algum cuidado as listas de doadores e os seus apoiantes financeiramente mais poderosos!

Afinal de onde lhe vêm os apoios mais significativos?
Vêm de David Plouffe (George Soros), Zbigniew Bzrezinski (Rockefeller), Dennis Ross (Jewish People Policy Planning Institute, Trilateral, Bilderberg).

Os americanos que há 8 anos atrás preferiram Bush a um homem como Al Gore, agora possivelmente irão colocar no seu lugar alguém cuja principal experiência política é a de dois anos no Senado!
Alguém que na sua própria autobiografia se mostra deslumbrado com os bastidores de Washington, convicto de ser o “escolhido” e com evidente pressa para ir mais longe!


Por mim, se fosse americano teria preferido Hillary Clinton agora, esperando que dentro de oito anos um Obama mais maduro e experiente tivesse então a oportunidade de chegar à Casa Branca.



Não aproveitar a experiência e as capacidades de Hillary é, quanto a mim, um desperdício absurdo. Mas, com os média, detidos pelos meios financeiros mais poderosos, obstinadamente contra ela e não perdendo uma oportunidade para a diminuir ou a humilhar, o seu destino político estava traçado.

Hillary foi, ainda muito jovem, sensação na Imprensa nacional americana, em 1969, quando ao ser escolhida para fazer o discurso de formatura em Ciências Políticas, na sua Universidade, teve mais de sete minutos de aplausos entusiasmados de toda a plateia, pelas desassombradas criticas que dirigiu ao orador anterior, o senador Edward Brooke.


Considerada como um dos 100 melhores advogados dos Estados Unidos, esteve envolvida desde o tempo de Jimmy Carter na preparação de políticas sociais, a favor das crianças e dos mais pobres, das políticas de ataque ao HIV/SIDA, às políticas de apoio aos professores do ensino público.

Foi no tempo da presidência de Billy Clinton, a responsável pela preparação de um programa que introduziria no país um sistema universal de saúde, que acabou por ser bloqueado no Congresso por influência das poderosas seguradoras, as mesmas que estrategicamente agora apoiaram Barak Obama.


Com várias licenciaturas e doutoramentos em Direito e áreas sociais, uma experiência de quase 40 anos em actividades públicas e o apoio declarado da maior parte dos oficiais generais americanos, após no Senado ter produzido a melhor legislação de regulamentação interna das Forças Armadas Americanas, Hillary Clinton apelou agora ao apoio a Obama, em nome da vitória dos ideais e da unidade do Partido Democrático.

E, tendo em conta os sinais já existentes, o Partido Democrático bem precisa de unidade se quiser vencer McCain.



Esperemos agora que Obama, que tão bem soube aproveitar os apoios que lhe surgiram para que impedisse a nomeação de Hillary Clinton, não seja agora trucidado por esses mesmos interesses ou, pior ainda, deixar-se manipular por eles.

Será importante para o mundo, a vitória e uma boa presidência deste jovem e inesperado candidato.

terça-feira, junho 03, 2008

Alguma coisa terá que ser feita!!!!

No passado domingo, a propósito de algumas deslocações da selecção de futebol, vi autênticos mares de gente, de todas as idades enrolados em bandeiras nacionais e com manifestações ruidosas, a que os jornalistas chamavam de patriotismo.

No domingo passado também, desloquei-me à feira do Livro e, dado ter lido algo de preocupante sobre o Pavilhão Carlos Lopes, resolvi passar por lá.


Na verdade, pude constatar no local que este edifício se encontra abandonado e que a zona das colunatas, quer à esquerda, quer à direita, se encontra agora entaipada por chapas metálicas. Além disso os vidros das janelas laterais começam a ficar partidos.

Penso que as chapas se destinam a evitar que o interior seja ainda mais vandalizado do que já se encontra.


Pergunto-me pois que patriotismo é o nosso? Que povo é que nós somos e que prioridades possuímos enquanto Nação? Será que não valeria a pena pensarmos mais nas cores nacionais quando o nosso património histórico se encontra em perigo, do que quando há jogos de futebol?

E inevitavelmente comparo o que vejo diariamente por toda a Lisboa:







que demonstra uma degradação vastissima, sem se vislumbrar nada para a reverter, com o que vi por exemplo em Varsóvia, onde uma Capital que foi arrasada pela Guerra


viu ressurgir o seu centro histórico, pela vontade dos seus dirigentes e pelo amor do seu povo.
Esse centro histórico foi completamente reconstruído ao pormenor, tendo-se recorrido, para melhor perfeição da obra, a planos que datavam da Idade Média.




Ora Lisboa, que não foi destruída pela Guerra de 1939-1945, não deveria estar como está, se tivesse tido, por parte dos seus dirigentes capacidade e vontade... e também, diga-se em abono da verdade, o mínimo de exigência e de amor por parte dos seus cidadãos.
Lisboa, tal como outras cidades portuguesas, não teria fazer o esforço extraordinário, que várias urbes da Europa central fizeram para se recuperar, bastar-lhe-ía ter cuidado normalmente do seu legado histórico. Tão só!
Mas não o fez! Nem parece querer fazer! E isto perante a indiferença quase geral de um povo.
O que nos fará diferentes a nós, que temos atitudes tão diversas das dos restantes povos, que quer no ocidente, quer no leste europeu, tiveram este glorioso empenho em preservar e recuperar de forma tão admiravel as suas cidades e monumentos, após a hecatombe da Segunda Guerra Mundial?
Junto mais duas fotos, que retratam os mesmos locais de Varsóvia. Primeiro destruído e depois já reconstruído.



foto tirada do mêsmo angulo da anterior



Nesta foto vêm-se os pedaços da coluna partida, que foram utilizados depois para reerguer a nova.




Quando há vontade a obra faz-se! E para mim uma obra destas é o paradigma do patriotismo e de uma cidadania adulta, consciente e civilizada.

Quando há alguns meses visitei o nosso Palácio da Ajuda, que não só nunca foi acabado, como viu ocorrer um incêndio em 1974, do qual ainda não se recompôs, fiquei extremamente triste com o que encontrei no seu interior: mobiliário degradado, tecidos de parede sujos e corroídos, cortinados sujíssimos, manchas de humidade enormes nalguns tectos e paredes.


Uma das fachadas do Palácio da Ajuda, a que sofreu o incêndio

Acabei por fazer uma espécie de “visita de médico” ao Palácio, pois até senti vergonha das caras estarrecidas de alguns estrangeiros que naquele momento testemunharam tal “miséria.

E aí, recordei novamente Varsóvia, porque é, talvez a par de Dresden, um dos exemplos mais radicais de destruição e de reconstrução que conheço.

E em Varsóvia, o Palácio, tal como 95% da cidade estava destruído.
Palácio real em Varsóvia, reduzido quase a pó em 1945
Contudo, num esforço excepcional povo polaco fez renascer das cinzas o seu símbolo histórico e hoje o Palácio está como novo. Quer exteriormente:

Palácio Real reconstruído
Quer no que se refere ao seu interior:







Sinceramente, vou achando que o nosso “patriotismo” não anda lá muito bem canalizado e que talvez fosse tempo de ser voltado para coisas mais importantes.
Tenho verificado, que por aqui, na Blogosfera há um conjunto de blogs muitissimo bons, que se têm empenhado dedicadamente na denúncia e na proposição de medidas para as cidades portuguesas.
Contudo, serão decerto ainda muito poucos, para a dimensão do problema que se constata existir.

Como uma parte muito considerável dos nossos concidadãos parece não estar muito sensibilizada para estas questões, julgo que os que se preocupam com estas matérias terão que redobrar os seus esforços de sensibilização dos dirigentes que nos couberam em sorte . Mas como?

Permito-me dar uma sugestão! Talvez ingénua, talvez absurda, ou talvez não!

Lá vai:

Dado que o mundo dos blogs é hoje em dia campo de consulta obrigatória de jornalistas e de políticos, porque não todos os bloguistas reservarem um dia da semana para dedicarem a esta temática?

Mostrando fotos de prédios degradados, fazendo relatos, ou até mesmo simplesmente dizendo frases simples, como por exemplo:

Senhores políticos, Lisboa está a descaracterizar-se e a cair aos bocados, nós estamos atentos e se não fizerem nada, para parar com esta insanidade, não iremos votar vós nas próximas eleições.

E isto, quem fala de Lisboa, fala do Porto, de Faro, da Guarda, de Setúbal, de Tomar, de Bragança…. Fala de todo o país de norte a sul.

Se centenas ou milhares de bloguistas iniciarem um simples movimento destes, talvez possa haver algum eco e algum efeito poderá surgir.
Seja isto ou seja o que for, algo terá que ser feito! Vai sendo já quase uma vergonha nacional, andar nas nossas ruas e ver o estado dos nossos monumentos!