sexta-feira, abril 06, 2012

A insustentável leveza da irresponsabilidade


Em 29 de Março foi aprovado em Conselho de Ministros o decreto-lei que suspende as reformas antecipadas. Foi a Belém, teve a assinatura do Presidente da República e muito poucos dias depois, em 5 de Abril (quinta-feira santa) já estava publicado em Diário da República.


Sinceramente nunca tinha visto tal rapidez!

Lamentavelmente num assunto de tal interesse público nunca tinha visto tanto secretismo!

Toda esta atuação conjunta de Governo e Presidência roça a clandestinidade e revela a má consciência de todos os atores políticos que produziram esta medida!

Temos, afinal, a gestão do País entregue a quem?

A pessoas que se portam como crianças que fazem travessuras às escondidas dos adultos?

A gente que adota atitudes que mais parecem próprias de malfeitores que atacam pelas costas e se esgueiram furtivamente pelas traseiras?

De facto, tudo isto revela irresponsabilidade, imaturidade e infelizmente maldade consciente!

Numa altura em que o desemprego sobe em flecha e em que os mais velhos estão sempre na primeira linha dos dispensáveis, fechar-lhes mais uma porta para a resolução dos seus problemas é, para além de uma estupidez técnica, de uma crueldade e de uma insensibilidade inqualificáveis!

Numa altura em que é feito um orçamento retificativo, numa situação social tão difícil e excecional como a que vivemos fica claro que o reforço dos meios para a Segurança Social não é prioridade para este Executivo, ao contrário da atitude que tem para com a Banca que tem tido toda a disponibilidade do Governo Português para ver reforçada a sua sustentabilidade!

O reforço de verbas orçamentais para pagamento de pensões aos bancários deve-se apenas à incompetência na elaboração do orçamento para 2012, a mais um lapso do Ministério das Finanças e não a um qualquer impulso governamental em prol da justiça social.

Se depois de quase um ano no poder, houvesse ainda algumas dúvidas, ficaria agora perfeitamente clara a perspetiva deste Governo sobre os mais desprotegidos e a que ponto pode chegar a mesquinhez da sua atuação!

Na verdade, este Governo e este Presidente comportam-se como aqueles caseiros a quem se entrega uma propriedade para cuidar e que pouco tempo depois começam a atuar como se a propriedade fosse deles!

Para se exercer o Poder é indispensável que se possua uma estrutura moral e de carácter que evite que o deslumbramento do mando não suba à cabeça e origine comportamentos perturbados e irracionais.

Esta atitude de tomar uma medida errada e injusta à socapa, fazendo coincidir a sua divulgação pública com uma quinta-feira santa, para que o seu impacto e conhecimento sejam menorizados, mostra que os atuais responsáveis políticos têm perfeita consciência da gravidade do mal que estão a fazer aos cidadãos, mostra que não se importam com o seu próprio Povo e evidencia que não possuem as características mínimas de maturidade e sentido de responsabilidade para ocuparem os lugares para que foram investidos!