domingo, janeiro 15, 2012

Os novos tenores

Quando se fala em tenores a maioria das pessoas tem ainda muito presentes na memória Pavarotti, Carreras e Domingo!


A geração que se lhes seguiu apesar da sua qualidade e prestígio no mundo operático ficou ainda na sombra daqueles 3 nomes, que serão difíceis esquecer.

Falo, por exemplo, de José Cura, Marcelo Alvarez, Roberto Alagna e Rolando Villazon que, por razões várias, não conseguiram a projeção dos anteriores!

Chegou entretanto uma nova geração que possui as qualidades vocais e interpretativas para chegar ao “grande público” tal como os “três tenores” conseguiram.

Para já, esses “jovens” já se consagraram nos palcos das principais salas de Ópera do Mundo. Veremos o que o futuro tem reservado às suas carreiras e ao contributo que elas conseguirão dar à divulgação deste género musical!

Deixo aqui os nomes dos que estão a conseguir maior notoriedade, algumas breves notas biográficas sobre eles e, mais importante ainda, vídeos com atuações, onde se poderá avaliar a qualidade das suas vozes!

Começo pelo mais jovem, Joseph Calleja, que nesta semana completará 34 anos!



De origem maltesa, começou a cantar aos 16 anos e aos 21 anos já tinha vencido dois concursos de canto internacionais. O seu CD “O tenor maltez” lançado há seis meses chegou ao segundo lugar dos discos mais vendidos na Alemanha e ao primeiro lugar da US Billboard Classical Traditional.

Quer pela crítica europeia, quer pela norte-americana é considerado um dos mais promissores tenores do século XXI, causando uma impressão tal que chegam a considerá-lo como o sucessor dos legendários tenores Björling, Gigli, e inclusive de Caruso!




Seguidamente refiro o italiano Vittório Grigolo, talvez o mais mediático de todos os cantores da sua geração, que completará no próximo mês 35 anos.





A sua notoriedade, em abono da verdade, deve-se mais ao facto de ter sido um dos elementos fundadores do agrupamento Il Divo que entretanto abandonou, do que à sua superioridade vocal face aos restantes.

Iniciou-se a cantar aos quatro anos e aos nove anos, numa consulta de oftalmologia, enquanto esperava, ao ouvir alguém cantar noutro apartamento do edifício, resolveu brindar todos os pacientes do consultório com a sua versão da Avé Maria de Schubert, deixando toda a gente boquiaberta, incluindo o pai do oftalmologista que se encontrava presente e que lhe conseguiu uma audição para o coro infantil da Capela Sistina, tendo-se desde logo tornado seu solista!

O seu estilo de actuação (os críticos chegam a dizer que parece um cachorro irrequieto em busca permanente de atenção), o seu primeiro álbum (In the Hands of Love) feito no estilo Pop/Opera, o ar de artista rock que exibe no dia-a-dia e a sua participação em corridas de automóveis são características que lhe tem trazido alguma notoriedade, mas as suas capacidades vocais incomuns naturalmente que também têm ajudado e têm sobretudo contribuído para dissipar o habitual preconceito que existe no mundo da Ópera perante este tipo de ecletismo.

Entretanto, se da sua apresentação e sucesso nos principais palcos do mundo (foi o tenor mais jovem que alguma vez pisou o alla Scala de Milão) tem resultado uma opinião unânime sobre as suas potencialidades, é verdade também que é comum a ideia de que ainda tem que amadurecer mais um pouco para chegar ao seu melhor…




Refiro agora o único dos cantores que já tive oportunidade de ver ao vivo (quase há dez anos), trata-se de Juan Diego Florez.



Tendo completado na semana passada 39 anos de idade, este cantor natural do Perú, começou muito jovem por se interessar pela música ligeira e pela música tradicional do seu País. Contudo, ainda adolescente tornou-se membro e solista do Coro Nacional do Perú.

Aos 20 anos partiu para os Estados Unidos onde estudou com Marilyn Horne e participou em produções estudantis, tendo-se estreado 3 anos depois profissionalmente em Itália.

Pavarotti, extasiou-se de tal forma com a sua voz que o considerava como o seu sucessor natural.

Florez, com a sua interpretação “Ah mes amis” da La Fille du Régiment de Donizetti, terminou com mais de setenta anos de tradição de não encores no “alla Scala” de Milão, ao conseguir os nove dificílimos Dós de peito que essa ária exige, que foram seguidos de uma prolongada ovação do público e exigência de regresso ao palco.

Ele mais tarde repetiria este feito no Metropolitan Opera House em 2008, o primeiro cantor a quem foi exigido um encore desde 1994.

Refiro que já em 2003 ele nos havia maravilhado em São Carlos com esta e outras das suas interpretações.




Por último, trago aqui um cantor cuja voz acho extrordinária a todos os níveis. Trata-se do cantor alemão Jonas Kaufmann.



Com 42 anos de idade e tendo passado já por vários problemas de saúde, primeiro na própria voz em 1995, e mais recentemente de ordem oncológica,  foi considerado em 2011 o cantor do ano nos Estados Unidos.

Possui uma amplitude de voz que simultâneamente tem a sombra e a profundidade dos barítonos, mas com a extensão que lhe permite chegar às notas mais agudas, sendo por isso mesmo considerado por muitos como o sucessor natural de Plácido Domingo, que é, aliás, um dos seus mais entusiasticos admiradores.

Começou os seus estudos musicais aos 8 anos e, após se ter formado em Matemática, aos 24 iniciou a sua carreira profissional na Ópera, tendo percorrido a partir daí os principais palcos do mundo, com um reportório que vai de Verdi a Wagner, demonstrando uma versatilidade que, de facto, também só é comparável à de Domingo.



Espero que esta minha seleção de árias tenha sido interessante e esclarecedora do meu entusiasmo por estes novos excelentes representantes do canto lírico!