quarta-feira, abril 15, 2009

Novidades do Brasil

Venho hoje dar nota que iremos ter na capital portuguesa, entre outros, três espectáculos vindos do país irmão e que merecem alguma atenção:

O primeiro a chegar será a peça “O Homem Inesperado” da já consagrada autora francesa Yasmina Reza.

De hoje até 3 de Maio o casal de actores Nicete Bruno e Paulo Goulart estarão entre nós no Teatro Tivoli representando uma peça que foi já sucesso nos palcos das principais cidades do mundo.



A peça traz-nos a história de uma mulher que inesperadamente tem, numa viagem de comboio entre Paris e Frankfurt, como companheiro de viagem, o seu escritor predilecto.

Apesar de sozinhos no mesmo compartimento, nenhum se atreve a entabular conversa com o outro e apenas vamos sabendo o que o vai fluindo no pensamento de cada um.

Pensam na vida, nos sonhos realizados e desfeitos e das alegrias e tristezas que a existência comporta e pensam no companheiro de viagem, tentando desvendar que pessoa verdadeiramente estará na sua frente.

Vamos percorrendo, com as personagens, os anseios de dois seres, já com muitos anos de vida, e que se encontram ambos à beira da solidão.



Segundo rezam as crónicas de São Paulo e do Rio de Janeiro as interpretações dos actores estão à altura da sensibilidade e da qualidade do texto.

Trata-se de uma tarefa algo complicada, pois este é um texto que serviu já grandes actores: Alan Bates protogonizou-o em Londres e Nova Iorque e Phillipe Noiret em Paris.

Veremos o que nos traz este nosso conhecido casal de simpáticos actores, que aos 76 anos vêm fazer uma aposta arriscada a Lisboa, já que não está a haver qualquer promoção publicitária do seu espectáculo.



Com grande curiosidade também aguarda-se a chegada do musical de Chico Buarque Gota d’Água, que percorrerá o país, apresentando-se no CCB de 6 a 9 de Maio.

Gota D'Água" tem a actriz Izabella Bicalho como protagonista.

O nome Izabella Bicalho pode não dizer muito aos espectadores portugueses, mas aos que eram criança nos idos anos 80 lembrar-se-ao dela como a Narizinho do Sítio do Picapau Amarelo.




Entretanto Izabella cresceu e tornou-se, segundo as criticas do lado de lá do Atlântico, numa actriz magnifica e numa excelente cantora.

Cito agora o JN de 16 de Março último:

A origem deste musical remonta a 1975, quando Chico Buarque e Paulo Pontes adaptaram a tragédia "Medeia", de Eurípedes, à realidade brasileira, dominada pela censura federal e repressão ideológica.

Com uma grande carga poética, o espectáculo emocionou na altura a crítica e o público, tornando-se um grande sucesso no Brasil.

Passados 30 anos, o espectáculo foi apresentado numa abordagem contemporânea, com novos arranjos musicais, tendo recebido vários prémios no país, tendo estreado no Rio de Janeiro em 2007.

Nesta nova versão, a personagem feminina, Joana, é uma mulher batalhadora que vive nos subúrbios de uma grande cidade brasileira, a Vila do Meio-Dia, e que um dia é abandonada pelo marido, que a troca por uma mulher muito mais jovem e rica, filha de Creonte.

Enquanto a mulher fica destroçada pela dor da traição, Jasão, o ex-marido, vive dias de felicidade ao lado de Alma, desfrutando do sucesso do samba "Gota D'Água", que não pára de passar nas rádios da cidade”


Entretanto para quem conhece Medeia, é sabido que a história acabará por ter um final extremamente dramático. Final que se repete nesta Gota d’Água.

Em 1975 a peça foi protagonizada pela grande Bibi Ferreira. Agora teremos Izabella Bicalho, e ao deixar aqui algumas imagens do espectáculo, perceber-se-á que a escolha da antiga “Narizinho” foi igualmente notável, apesar do som e da imagem obtidos por telemóvel serem infelizmente pouco adequados.



Por último gostaria de assinalar o regresso a Lisboa de Edson Cordeiro, que no próximo dia 14 de Maio estará de novo em Lisboa, desta vez no auditório dos Oceanos.

Cordeiro que continua a ser um sucesso em todas as suas apresentações terá desta vez como acompanhantes o terceto de jazz Klazz Brothers.

Para quem não conhece este contratenor brasileiro, direi que ele é perfeitamente eclético, indo da canção popular brasileira à Ópera, passando pelo Jazz.

Raramente Edson Cordeiro deixa os espectadores indiferentes.

Deixo aqui uma sua interpretação de uma ária da Ópera Rei Artur de Purcell, filmada o ano passado num espectáculo realizado em Berlim. Espero que gostem!