quarta-feira, novembro 04, 2009

Judith Durham - uma voz que atravessou gerações

O nome de The Seekers pertenceu a um conjunto famoso nos meus tempos de infância e adolescência



Sempre me maravilhei com voz belíssima da vocalista Judith Durham, pois ela pegava em certas canções e conseguia elevá-las, no meu modesto entender, a um nível de beleza e elegância insuperáveis. Vejam por exemplo o que ela fez com Skyline Pidgeon de Elton John:




Os Seekers eram um jovem grupo australiano, que a meio da década de 60 foi tentar a sorte em Londres e foi tão bem sucedido que uma estadia prevista inicialmente para poucas semanas se transformou numa permanência de quase dois anos.

Não rivalizavam com os Beatles, embora fossem seus contemporâneos e alternassem com eles no primeiro lugar dos TOPs.

Os The Seekers tinham um estilo próprio, um público próprio de todas as idades, sem excepção!




Judith Durham, contudo, tinha os seus próprios planos de vida e de carreira e acertou pacificamente com os seus colegas uma separação amigável no Verão de 1968.

Foi feito um concerto de despedida em Londres, em 7 de Julho desse ano, com os seus maiores sucessos e quem a ele assistiu recorda-se de os acordes de “I’ll never find another you” e “The Carnival is Over”, serem acompanhados por um imenso coro de suspiros e do choro de um público inconsolável!

O conjunto desfez-se, um dos elementos Keith Potger formou os New Seekers, que alcançaram igualmente enorme sucesso nos anos 70 no Reino Unido e Judith partiu para a Austrália, onde cumpriu um dos seus maiores sonhos, casar-se com o músico e compositor Ron Edgeworth.



Judith iniciou então uma carreira calma e discreta, voltando à sua paixão de juventude pelo Jazz e por alguns clássicos de sempre, como este “Climb Every Mountain” que no inicio dos anos 70 o meu pai me deu a ouvir e que eu nunca mais esqueci.



Mas como a vida raramente consegue ser uma eterna bonança, em 1990 Judith e o marido sofreram um terrivel acidente de automóvel que os atirou para uma cama de hospital durante largos meses.

Esse acidente fê-la naturalmente repensar toda a sua vida e levou-a a convidar os antigos membros do seu grupo para que se reunissem de novo.

A antiga amizade e o desejo de voltarem a reviver os antigos tempos levaram-nos de bom grado a reiniciar as suas aparições públicas pela Austrália, quando inesperadamente Judith teve a notícia que o seu marido possuía uma doença degenerativa motora, que em Portugal conhecemos por ELA.

E assim o regresso dos Seekers não pôde ser exactamente o que todos haviam sonhado, pois Judith optou por ficar à cabeceira do marido, que acabaria por sucumbir no espaço de dois anos!

Este facto levou-a a tornar-se na principal doadora e impulsionadora de uma Associação de Apoio e Investigação de Doenças Neurológicas Motoras, ocupando com ela boa parte do seu tempo.

Voltaria mais tarde aos palcos com os seus amigos de sempre e durante mais alguns anos mantiveram-se juntos encantando plateias australianas, britânicas e americanas.



Judith ainda mantém uma belíssima voz e do concerto comemorativo dos seus 60 anos, realizado no imenso Royal Festival Hall em Londres em 2004, foi feito um DVD magnifico, que infelizmente só através da Amazon consegui adquirir!

Deixo no entanto, para encerrar este meu testemunho sobre Judith Durham, imagens de um concerto em Sidney, em que aos 65 anos de idade apresentou uma das suas canções mais populares de sempre: “The Carnival is Over”, canção que curiosamente só a sua teimosia fez com que fosse gravada no já longínquo ano de 1965.

Trata-se de uma melodia do folclore russo, que os restantes elementos dos Seekers se recusavam a gravar por não a considerarem interessante. Ainda bem que ela os convenceu, até porque esta canção se tornou simbólica para o povo australiano e é usada para encerramento dos principais eventos sociais, desportivos e musicais.

Em 2000 estava prevista a sua apresentação no encerramento dos Jogos Olímpicos de Sidney e tal só não aconteceu porque Judith partiu um tornozelo poucos dias antes.

Nessa altura a organização do jogos recorreu a um grupo coral e o assunto resolveu-se. Contudo meses mais tarde para o encerramento dos Jogos Paralimpicos, também em Sidney foi mesmo Judith numa cadeira de rodas que a interpretou.

Termino pois com as imagens mais recentes de Judith, de Março deste ano, como homenagem e recordatória de uma voz magnifica que felizmente, através dos seus discos, me acompanha há décadas: