segunda-feira, maio 19, 2008

Muralha

É um nome conhecido e respeitado em todo o Brasil. E não só!!!!

Vive em São Paulo e é uma das romancistas e dramaturgas de maior sucesso, tanto junto da critica literária e teatral, como junto do público.

Escreveu e já viu levadas à cena 20 peças de Teatro.
Publicou 5 romances e uma biografia.

Traduziu, entre outras, obras de Samuel Becket, Jean-Paul Sartre, Ingmar Bergman, Edward Albee, Peter Shafer.

É autora de séries, mini-series e novelas para a Televisão, como Os Maias, A Muralha, A Casa das Sete Mulheres.

Por 21 vezes recebeu prémios de melhor obra.

Tem 65 anos e… é portuguesa!

Chama-se Maria Adelaide Amaral, nasceu em Valongo e encontra-se no Brasil desde os 12 anos.



Quem teve a felicidade de assistir em Lisboa, no final de 2006, à peça Mademoiselle Channel, brilhantemente interpretada pela Marília Pêra sabe bem da qualidade extraordinária desta autora.



Aliás, esta peça, que representada em Paris na Cómedie des Champs Elysées, pela mesma actriz, deixou espantados críticos e público parisiense pela qualidade e reconhecimento histórico do texto, entusiasmou de tal forma a própria Casa Channel e Karl Lagarfeld, que fizeram questão de ceder à produção do espectáculo 9 modelos originais para serem usados em todas as récitas.



Quem viu na televisão séries como a “A Muralha” ou “A Casa das Sete Mulheres”, sabe bem da riqueza e intensidade dramática das suas obras.

Quem viu a inteligência, o rigor e o sentido dramático das adaptações de “Os Maias” para a Globo ou do “Evangelho Segundo Jesus Cristo” para os palcos, percebe bem a razão de ser de tantos prémios que foram atribuídos a esta nortenha radicada em São Paulo.



Quando no inicio dos anos 90 foi condecorada pelo Estado Português numa cerimónia solene que decorreu num jantar oficial no Convento do Beato, perante a nata política e intelectual nacional, Adelaide Amaral, ao usar da palavra disse que, embora agradecesse a condecoração recebida, a maior homenagem que poderia ter da sua pátria seria ver aqui representadas as suas peças.
Até hoje as suas palavras tiveram pouco eco.




Quando em comentário ao meu anterior post um dos visitantes referiu que o Teatro Nacional não prestigia suficientemente os autores portugueses, lembrei-me desta cerimónia e das palavras de Maria Adelaide.

Tirando Maria do Céu Guerra que em 1993 levou à cena a peça “De Braços Abertos” e a Seiva Trupe no Porto que encenou “Para tão longo Amor”, creio bem que mais nenhuma das peças desta autora foram representadas em Portugal, por portugueses.

Num país onde a qualidade e quantidade de dramaturgia é tão reduzida, talvez não fosse má ideia, que as nossas principais companhias se lembrassem, com alguma frequência, desta nossa compatriota de Valongo, dando a conhecer ao nosso público as suas obras, não apenas porque se trata de uma escritora portuguesa, mas porque as suas obras têm qualidade!

Espero, sinceramente, que não exista uma qualquer “Muralha”, de qualquer natureza, a impedir a, mais que necessária, divulgação de obras de uma portuguesa em Portugal.

9 comentários:

  1. Talentoso e Genial Amigo:
    Maria Adelaide Amaral, um nome a reter.
    É natural de perto da minha encantadora cidade de Vila Real, a 50km de Valongo onde nasceu e que conheço.
    Desconhecia o enorme valor e talento desta dramaturga ímpar de magia nas peças indescritíveis de beleza que fiquei a conhecer aqui.
    Vou ver se descubro nas livrarias algo dela e do sua genialidade como escritora.
    Um post de homenagem a alguém muito significativo no campo literário, pessoal e humano.
    Fiquei perplexo perante a sua intensa narração de espanto e incredulidade sentida, real e expressa com brilhantismo.
    Ela agradecer-lhe-á, acredite?
    O meu amigo possui um valor gigantesco que admiro e nutro por si com enorme estima, respeito e consideração.
    Sabe dar valor à vida e às pessoas.
    Por isso, o meu gigantesco Bem-Haja de admiração e amabilidade.
    Abraço forte de amizade sincera.
    Sempre a lê-lo com atenção e dedicação

    pena

    MUITO OBRIGADO pelas palavras simpáticas expressas no meu blog.
    MUITO OBRIGADO!

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  2. Mais uma lição!
    E que lição...
    Desconhecia por completo esta escritora...portuguesa; "mea culpa", "mea culpa", mas não só, pois com muito bem dizes, para uma autora como ela, ter apenas duas peças apresentadas por companhias teatrais portuguesas, é uma tisteza; parabéns à M.Céu Guerra (grande Mulher) e à Seiva Trupe.
    Apenas uma pequena referência; é que estive quase a ir assistir à representação de "Chanel", mas devo confessar que não era por causa de M.Adelaide Amaral, mas sim por causa de uma das maiores actrizes que o Brasil tem: Marília Pera, que é genial.
    Abraço.

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  3. Sempre tivemos este terrível defeito de homenagear os nossos artistas ..... depois da sua morte!
    Felizmente o Estado Portugês recordou-se dela a tempo (creio ter lido algures que o ano passado também terá integrado o juri dos prémios talento promovido pela secretaria de estado das comunidades portuguesas), mas o reconhecimento dos seus pares poderá levar mais algum tempo!....

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  4. Caro Amigo Pena
    Grato pelas palavras.
    O meu caro amigo tem uma visão para além de generosa das outras pessoas.
    Bem-haja pela sua generosidade e gentileza.
    Um abraço.

    Caro Amigo "Pinguim"
    Eu também me surpreendi quando "descobri", por mero acaso, em 1992 a existência de uma portuguesa com tanto sucesso e tanto talento no Brasil.
    Não tivesse ocorrido esse "acaso", estaria, como penso que está a maioria dos portugueses na escuridão sobre esta escritora.
    Obrigado pelas tuas palavras.
    Um abraço.

    Caro Amigo Jama.
    Por aquilo que já ouvi a Maria Adelaide, ela limita-se a encolher os ombros e a sorrir face à indiferença com que é tratada aqui.
    O porquê dessa indiferença... acho que poderemos imaginar qual é..

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  5. Gostei! Minha primeira visita ao blog, e me deparo com uma homenagem à uma escritora brasileira, a Maria Adelaide Amaral.
    Mas, espere! Disse que é portuguesa? Bem, não sou dado a polêmicas. Se concorda, façamos o seguinte trato: meio-portuguesa, meio-brasileira? Bom pra você? Ótimo, sabia que era um cara compreensivo;)
    Um abraço!

    P.S.: Obrigado pela visita e as palavras gentis deixadas lá no condado.

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  6. É bom ler estas histórias, saber de pessoas tão interessantes, como Maria Adelaide!... Eu que me tenho sentido tão pobre e vejo este meu país tão triste. É sempre bom falar de gente rica e de alma Lusitana!

    Grato pela esperança!

    Abraço,

    jj

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  7. Caro Oliver Pickwick

    Grato pela sua visita e pelas suas palavras.
    Penso que quer por ter vivido mais de 4/5 da vida no Brasil, quer pela indiferença com que é vista aqui em Portugal acredito que ela até se sinta mais brasileira do que portuguesa.
    Eu decerto que me sentiria! Contudo estas questões, de ser ou não ser deste ou daquele país, são muito pouco importantes. Para mim só ganham relevância quando eu sinto que uma pessoa que nasceu no país, apenas porque vive longe é esquecida, e apenas porque tem talento é posta de lado, eventualmente porque poderia fazer sombra a outros!
    Entretanto pode ter a certeza que voltarei ao seu condado, pois acho que as narrativas que nos traz, são verdadeiramente admiráveis.
    E como diria o poeta: "A minha Pátria é a minha Lingua"
    Um abraço

    Caro João M. Jacinto
    Obrigado pela passagem por este espaço e pelas referências que aqui deixou.
    Se contribui um pouco para despertar alguma curiosidade sobre Maria Adelaide Amaral, fico muito satisfeito, pois era exactamente esse o meu objectivo.
    Um abraço

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  8. Estamos cá para evitar que isso aconteça! Parabéns pelo blog. Abraços do EU, SER IMPERFEITO e d´A SEIVA.

    PS - Calhou-me "wikpazio" nos caracteres da verificação de palavras. Vou beber um copázio à wikipédia...

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  9. Caro Miguel Barroso
    Obrigado pela visita e pelas palavras.
    É bom sinal esse optimismo e... Espero que o copazio tenha sido como "il faut".
    Um abraço

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