Alguns decerto! Maurice Feltin foi, nas décadas de 50 e 60, Bispo de várias dioceses francesas, Arcebispo de Bordéus e de Paris e Presidente da Conferência Episcopal Francesa
Este prelado começou por ter notoriedade pública ao ter organizado na década de 50 uma revisitação dos Autos de Fé à porta da Catedral de Dijon.
Fê-lo para proceder à queima de um Pai Natal gigante de quase 4 metros de altura, como meio de chamar a atenção para a crescente paganização do Natal.
O que conseguiu principalmente foram sorrisos, foi ver o seu nome nos jornais ao fazer recordar o passado inquisitorial da Igreja Católica e foi, de imediato, obrigar os bombeiros a apagar uma enorme fogueira.
Embora quisesse ser original na forma de colocar as suas razões, não teve nem uma ideia feliz, nem dela resultou algo de positivo!
Mas o acto que o tornou mais falado, foi a decisão de proibir, na qualidade de Arcebispo de Paris, e portanto em nome da Igreja Católica, a realização de uma missa fúnebre aquando do falecimento de Edith Piaf, alegando que o estilo de vida da cantora não era compatível com a celebração desse acto religioso.
Maurice Feltin chegou a Cardeal!
Claro que a decisão da Hierarquia da Igreja francesa, tomada logo após a morte de Piaf, a 10 de Outubro de 1963, não conseguiu influenciar os admiradores da cantora, nem mesmo os mais católicos, que passaram aos milhares, durante 3 dias, frente ao nº 67 do Boulevard Lannes, onde Edith residia, em Paris, cobrindo com flores os passeios da Avenida.
A comoção popular foi tal, que fez com que o seu funeral, a 14 de Outubro de 1963, se tornasse na maior manifestação pública a que Paris assistiu, só comparável à ocorrida aquando do final da 2ª Guerra Mundial.
Segundo recorda Charles Aznavour, o trânsito, em toda a cidade de Paris parou, literalmente, nesse dia 14 de Outubro de 1963!
Os comerciantes colocaram cartazes com faixas negras nas suas montras e centenas de milhares de pessoas encheram as ruas ao longo de todo o percurso do féretro.
Impedidas de lhe prestar a sua última homenagem num Templo, como estavam à espera, uma multidão de cerca de 40 mil pessoas forçou a entrada e invadiu o cemitério Pére Lachaise para passar junto à campa e tocar no caixão de Edith.
Foi um momento de enorme emoção colectiva, mas também de completa anarquia, que as autoridades foram incapazes de controlar.
Na verdade, ficaram a subsistir dúvidas quanto às razões do Arcebispo de Paris. Possivelmente elas tiveram que ver apenas com a sua visão muito pessoal do papel da Igreja na sociedade!
Um pouco mais de um ano antes, em 25 de Setembro de 1962, um acontecimento cinematográfico ocorrido na capital francesa, tivera honras diplomáticas sem precedentes.
O filme “O Dia Mais Longo”, um dos mais interessantes trabalhos cinematográficos sobre o final da Segunda Guerra Mundial, teve a sua estreia mundial em Paris.
Nessa altura a França de De Gaulle, aproveitou a ocasião para fazer esquecer o desastre ocorrido na Argélia, cuja independência era proclamada exactamente nesse mesmo dia pela Assembleia Nacional argelina.
Para isso, preparou um cerimonial especial, que teve honras de Chefes de Estado e de Governo de quase todos os países aliados.
Deu-se assim, a propósito da estreia daquele filme, uma verdadeira cimeira internacional, repleta de todo o tipo de celebridades, que teve o seu ponto mais alto, precisamente no cimo da Torre Eiffel, onde foi colocado um palco e onde, perante um grupo das mais conhecidas figuras mundiais, Edith Piaf, terá tido, talvez, a apresentação mais extraordinária da sua vida!
Piaf cantou o tema do filme (que nunca viria a gravar, sendo depois Dalida a registá-lo em disco), cantou ainda algumas das canções mais emblemáticas da sua carreira e por fim o Hino Nacional Francês, a Marselhesa!
A França consagrava assim definitivamente Edith Piaf, aos olhos de todo o mundo, como símbolo de uma Nação e de uma Era!
Contudo, essa pequena mulher, de pouco mais de um metro e quarenta, sentida como património nacional pelo povo e pelo Estado Francês, não se eximiu, dias depois da sua consagração na Torre Eiffel, a 9 de Outubro, de casar com o jovem grego Theophanis Lamboukas, 20 anos mais novo que ela, segundo o rito ortodoxo grego, religião do noivo…
As opções da cantora, anteriormente divorciada, não terão sido, obviamente, do agrado da Igreja Católica!
E o facto é que a explicação oficial do Arcebispo Maurice Feltin, para a proibição da missa, não refere a existência de qualquer questão religiosa, que o casamento poderia ter originado, mencionando apenas o estilo vida de Piaf como inapropriado.
Esta posição eclesiástica, mesmo face aos padrões da época, foi considerada incompreensível, para além de que, perante a circunstância da morte, constituiu um ataque desnecessário e grosseiro à memória de uma figura muito querida do público.
E mais uma vez, apesar da notoriedade que conseguiu com isto nos jornais, Feltin obteve apenas os resultados opostos aos que eventualmente desejaria!
Entretanto, a explicação não oficial que circulava nas ruas, tinha que ver com o romance público que Piaf mantivera muitos anos antes, com o pugilista Marcel Cerdan, que era casado e pai de três filhos e que morrera num acidente aéreo nos Açores, quando ía a caminho de Nova York, exactamente para se encontrar com Piaf.
Curiosamente, até a própria família de Cerdan, cujo casamento já estava abalado mesmo antes de Piaf aparecer, acabou por compreender a situação, ao aceitar o apoio financeiro que Piaf lhes disponibilizou na altura do acidente!
Finalmente, Edith acabou por ter no Pére Lachaise acompanhamento religioso, feito por um sacerdote da Igreja Ortodoxa Grega!
Edith Piaf é pois a figura que eu gostaria de abordar neste post.
E sinceramente, não tinha pensado falar no episódio Feltin, não fora algo que inesperadamente me fez recordar esse momento de humilhação póstuma da cantora.
Tendo já alinhavado mentalmente o que pretendia escrever aqui sobre Piaf, resolvi que seria oportuno ver finalmente o filme realizado por Olivier Dahan “ La Vie en Rose”, que valeu este ano à actriz Marion Cottilard o Óscar para melhor actriz.
Pretendia, vendo o filme “La Môme- La vie en rose”, limar do meu post tudo o que se parecesse com um mero eco do conteúdo da fita.
Sendo um filme recente e tão visto, seria absurdo pôr-me repetir o que lá se encontrava!
No entanto, ao ver as imagens desta película, ao mesmo tempo que ia ficando preso àquela voz magnífica, ia ficando também constrangido com a imagem que estava a ser passada da cantora.
Percebe-se claramente que Olivier Dahan leu e pesquisou muito sobre toda a vida da Môme e fez as suas opções, sobre o que colocar no filme.
Opções que para mim só são explicáveis à luz do interesse comercial, de forma a tornar o filme um produto facilmente apetecido pelas grandes massas, um filme que desse portanto o devido retorno aos investidores.
Contudo essas opções de Dahan, no meu entender, desfocam a imagem de Edith e não constituem, como aliás o realizador reconhece, uma verdadeira biografia da artista!
Mulher com origens no bas-fond parisiense, habituada desde sempre a beber e a ter uma vida livre, amando quem queria e quando queria, Edith foi um ser humano muito para além da imagem que o filme acaba por transmitir!
Quem se lembra de Edith ainda viva, quem conhece os testemunhos dos que com ela privaram, quem viu os filmes caseiros da sua intimidade, nomeadamente os feitos pelo casal Bonel, não pode deixar de se entristecer com ideia de que, para as gerações mais jovens, a imagem que fica de Edith através deste filme, corresponde à de uma mulher com um talento extraordinário, mas cuja vida foi apenas um mar de desgraças, minada pelo álcool e pelas drogas, que a envelheceram precocemente e que a tornaram amarga, caprichosa e rude.
Uma imagem de Piaf, que este filme nos dá, talvez tivesse agradado a Maurice Feltin, mas é tristemente incompleta!
Há um outro lado do ser humano Edith, que teria sido bom que fosse também colocado no filme, e decerto com esse equilíbrio o resultado seria mais justo para com a sua memória!
O responsável pela distribuição do filme nos Estados Unidos, afirmou que não precisou sequer de 5 minutos, para perceber que o filme tinha todos os condimentos necessários a ser um sucesso.
Alguém que vence, começando na lama, sendo a sua vida um coctail de droga, álcool e sexo, amores proibidos e doenças fatais!
Marion Cottilard que interpretou o papel de Piaf, disse que o que lhe fora pedido, não fora uma imitação de Edith, mas sim a acentuação de alguns traços do seu carácter.
Cottilard crê que ficou nos limites da caricatura.
Eu, sinceramente, não negando o seu imenso talento, creio que em muitos momentos ultrapassou esses limites.
Fosse como fosse, o produto final foi um sucesso estrondoso e eu acabo ficar num pequeno grupo daqueles que consideram, que mais uma vez, a memória de Edith Piaf não foi respeitada, e que o lado mais triste da sua existência serve agora para encher os cofres de algumas produtoras e distribuidoras.
Resumindo, para além da sua voz, pouco mais teria oferecido ao Mundo!
Não sei se muitos que viram o filme, principalmente os mais jovens também partilharão da opinião desse meu amigo! Temo bem que sim!
Por isso, sem querer ser pretensioso, quero dizer hoje algo mais sobre Piaf, que Olivier Dahan também poderia ter dito, para que uma imagem mais equilibrada desta extraordinária cantora fosse transmitida.
Omitindo isso, omitiu também a sua grande amizade com Jean Cocteau, que escreveu para ela a peça Le Bel Indefferent, e sua relação próxima com os círculos mais criativos da intelectualidade parisiense dos anos 50.
Cocteau também bastante doente, com um edema pulmonar, acabou por morrer com uma sincope poucas horas depois de Edith, logo depois saber da morte da amiga, dizendo: “Ah, se ela partiu, então também já posso ir também!”
Dahan omitiu igualmente o papel de Piaf no apoio a um elevado número de judeus, durante a ocupação alemã! Michel Emer, seu músico e compositor de muitas canções entre as quais L’Accordeoniste, foi um dos que Piaf conseguiu levar para a zona de França não ocupada e manter lá até ao final da Guerra
Omitindo isso, omitiu o controverso bom relacionamento que Edith tinha com as chefias militares alemãs, o que depois se veio a verificar que lhe dava a cobertura necessária para poder ter na sua orquestra os músicos que quisesse, ainda que fossem judeus. A dada altura a orquestra ficou apenas composta por judeus que, sem a sua protecção, teriam sido deportados para os campos de concentração.
Omitiu ainda, a sua colaboração com a Resistência, que facilitou a fuga de vários prisioneiros de guerra dos campos alemães.
O papel de Edith era bastante simples: Ela, tal como outros cantores ía actuar a esses campos, por imposição dos ocupantes nazis. Guardas e prisioneiros assistiam!
Uma cópia da foto era depois enviada para o detido, como recordação do momento e outra era cortada e usada a parte do rosto do prisioneiro para forjar documentos de identificação falsos, a ser usados após a fuga.
No filme La Vie en Rose, Dahan descreve, carregando no dramatismo da situação física de Piaf, o seu encontro com Charles Dumont. Na verdade, Piaf estava adoentada, recebeu-o em roupão e com muito pouca vontade.
Dahan omitiu no entanto, as razões da pouca vontade de Edith!
Contudo, todos os amigos de Dumont diziam que a melhor voz para as canções que ele compunha era a de Edith, e quando ele escreveu Non, Je ne regrette rien, todos perceberam que só Edith lhe poderia dar a interpretação necessária.
A custo, amigos comuns convenceram os dois a marcar um encontro de trabalho, e apesar das circunstâncias da reunião na qual nenhum deles tinha à partida especial interesse, Edith ouviu a canção e ficou absolutamente extasiada, pelo seu lado Dumont percebeu finalmente que Edith era a "sua" voz!
"Non Je ne regrette rien" tornou-se assim a canção de abertura do seu próximo espectáculo no Olympia!
Também aqui Dahan omite as razões pelas quais esse espectáculo se realizou, mostrando apenas que, em alguns momentos, ela pensou em desistir do compromisso que tinha com Coquatrix!
Com efeito, estando Edith já a sentir os efeitos do seu problema oncológico, em 1960 Bruno Coquatrix, empresário da prestigiada sala Olympia, lançou um apelo a Piaf: o Olympia estava falido, as dívidas eram enormes e não havia dinheiro para pagar ao pessoal.
A única hipótese que havia de salvar aquela sala e proteger os seus trabalhadores, seria uma série de espectáculos que fossem garantidamente dinheiro em caixa. E para isso Coquatrix só tinha uma solução segura: recorrer a Piaf!
Piaf, amiga de Coquatrix, e sentimentalmente ligada à sala e a todos os que lá trabalhavam, aceitou o desafio, contra todos os conselhos médicos!
Em alguns momentos a sua saúde fê-la hesitar, mas levou o compromisso até ao fim e deu cem espectáculos em 12 semanas, nalguns dos dias mais do que um espectáculo!
Os cofres do Olympia encheram-se de novo e a sala foi salva do encerramento! Para Edith no entanto, o excesso de trabalho ía-a aproximando do fim!
A verdade, no entanto é que o êxito foi extraordinário. Aquando da primeira apresentação de "Non Je Regrette Rien" no seu primeiro espectáculo, o público aplaudiu-a de pé durante 6 minutos. A notícia de uma nova canção de Piaf espalhou-se e, em cada sessão, a reacção do público repetia-se!
Para Charles Dumont, que já escrevera dezenas de canções para outros artistas, veio finalmente a consagração e a amizade e a colaboração entre os dois não cessaria até à morte da artista.
Num pequeno aparte, refiro que Edith Piaf dedicou a gravação de "Non Je ne Regrette Rien" à Legião Estrangeira, então envolvida nos combates da Guerra da Argélia.
Quando um batalhão desta força expedicionária, se viu encurralado e teve que se render, os militares à medida que saiam do aquartelamento íam cantando em uníssono esta canção, num coro impressionante e emotivo que ficou para história desse conflito!
"Non Je Ne Regrette Rien" tornou-se uma canção de honra da própria Legião, passando a ser cantada a partir de então em todas as paradas militares deste Corpo Militar.
Mas quais eram as doenças de Edith?
Piaf, excepto nos últimos cinco anos de vida em que não tocou em álcool, sempre bebera e às vezes bastante! Aproveitando esse facto real, a película de Dahan não dá ao espectador muitas mais pistas, para além dos excessos de bebida e de drogas, para explicar a decadência física da artista.
Antes de completar 30 anos, Edith já padecia de problemas de origem reumática. Foram-lhe diagnosticados poliartrite e um reumatismo deformante que lhe atacava braços e mãos, pernas e pés e também o rosto!
Para o seu tratamento, que se iniciou na década de 40, foi-lhe ministrado um novo medicamento, a cortisona, cujos efeitos secundários, não tinham sido até ao momento suficientemente avaliados, principalmente para quem os tomava em doses excessivas, como foi o seu caso.
Problemas gástricos, perda de massa muscular, deterioração do sistema imunitário, osteoporose, inchaços do rosto e do abdómen, entre outros foram os resultados da medicação, enquanto, apesar de tudo, a doença não deixava de progredir.
Aliado a este quadro, três violentos acidentes de automóvel, o primeiro com Charles Aznavour que foi seu motorista e secretário, e o último com George Moustaky com quem viveu algum tempo, provocaram-lhe fracturas diversas, cuja convalescença nunca conseguia completar, devido aos seus compromissos profissionais.
As dores permanentes que sentia levaram-na ao uso continuado da droga que era usada nos hospitais para combater o sofrimento: a morfina!
Dahan aborda de passagem estas questões, mas elas aparecem descontextualizadas!
Vê-se que Piaf recorre às injecções de morfina com muita frequência, mas sem a explicação da origem fica, quanto a mim, criado um equívoco, relativamente à verdadeira natureza da sua dependência face àquela droga!
Dahan, tem no filme um objectivo claro: dramatizar ao máximo o espectáculo da degradação fisica da cantora, para suscitar a emoção do público e, quanto a mim, claramente exagera.
Na cena em que Edith aparece nos bastidores, antes do início do primeiro espectáculo do Olympia de 1960, Dahan dá-nos uma Piaf de tal forma frágil, que só amparada por duas pessoas consegue manter-se de pé.
Sabe-se que Edith estava já doente, contudo nas imagens reais do espectáculo que se encontram a seguir, com a canção La Foule pode-se avaliar, o quanto de rigoroso ou de caricatural, é a encenação de Dahan.
Penso que por hoje já me alonguei em demasia, para um só post, mas a culpa é de Dahan, cuja visão de Piaf, por muito desnorteada, desregrada e desgraçada que fosse a sua vida, me levou a não reconhecê-la no seu filme e, por isso mesmo me obrigou a escrever muito mais do que pretendia inicialmente.
Se houve alguém com a resistência suficiente para chegar até aqui, direi ainda que penso, no próximo post falar, sobre mais alguns aspectos da vida e da carreira de PIAF, tema que muito me agrada e que é quase inesgotável!
Só não sei se o conseguirei fazer ainda esta semana!
Até lá deixo em paz Piaf, cujo maior vício, para além de cantar, era fazer tricot, deixando aqui uma das suas canções de que mais gosto, criada em 1962, já no final da sua carreira´
Chama-se "Emporte-moi" e vêmo-la, no vídeo abaixo, numa interpretação ao vivo na televisão francesa a menos de um ano antes do seu falecimento.
Que belo texto, que se lê de um fôlego. Não só repõe a verdade em relação à vida de Piaf, como mostra o aproveitamento desleal e cínico que se faz destas grandes figuras ´para fins egoístas!
ResponderEliminarGostei imenso, pois sou também grande admiradora dessa pequena-grande mulher.
(lamento não te poder referir nenhum restaurante, mas só estive 2 dias em Budapeste:)) boa viagem e aproveita essa maravilhosa cidade)
Grato Justine
ResponderEliminarFico feliz por ver que não sou minoritário, na minha visão de Paif e do recente filme de Dahan.
E mesmo sem as dicas restaurativas, a intenção é que conta. Espero que seja mesmo uma boa viagem, pois ando, de facto, a precisar de mudar de ares.
Um beijinho com amizade.
Amigo Com senso
ResponderEliminaré realmente um extenso texto, mas nunca cansativo, até porque a vida de Piaff é motivo de inesgotáveis crónicas; ainda não vi o filme de Dahan, confesso e portanto não posso emitir uma opinião própria sobre o assunto, mas conhecendo a seriedade da abordagem que dedicas às personagens das tuas crónicas, não me custa nada a acreditar que tenhas razão no aproveitamento dos aspectos menos felizes e mais dramáticos de EP, para transformar o filme numa "mina de ouro"...
Cá fico à espera de mais coisas da "pequenina" Piaf, após o teu regresso de Budapeste.
Sobre Budapeste tenho uma pena imensa de não ter decorado o nome do restaurante onde comi melhor em toda a minha estadia lá; era algo com um requinte de comida e serviço dignos de um "Gambrinus", mas com um preço de qualquer restaurante mediano da mesma Rua das Portas de Santo Antão; não imagino se o restaurante ainda existe hoje e seguramente os preços terão sofrido uma enorme inflação, mas também já foi há tanto tempo...
Fora do contexto, e porque não tenhonenhum endereço de e-mail teu, e não sei como contactar-te a não ser pelos blogs, sugeria-te que me enviasses um mail (O endereço está no meu blog)para poder ficar com o teu; poderá ser?
Abraço e boa estadia nessa bela cidade do Danúbio.
Amigo "Pinguim"
ResponderEliminarAinda bem que não achaste o texto cansativo, embora pense que anda por aí alguma generosidade da tua parte.
O filme de Dahan é interessante, pois cobre toda a vida da Piaf, ao contrário dos dois fimes que foram feitos sobre ela anteriormente. Contudo, pareceu-me ver que Dahan segue um modelo que, até devido à sua idade, será o que melhor conhece. O de Janis Joplin, ou mesmo o de Amy Winehouse.
Direi, caricaturando um pouco, que para Dahan, Piaf foi uma mulher que deu espectáculos entre bebedeiras e injecções de morfina. Uma cantora que tratava mal todos à sua volta, sem a capacidade de lidar com o poder que o sucesso lhe outorgou.
Entretanto, tenho o maior gosto em dar-te o meu endereço de e-mail e seguirei a tua sugestão.
Obrigado pela visita e pelas palavras e, possivelmente até meados de Outubro!
Um abraço
A leitura do seu post deu-me um verdadeiro prazer. Eu vi o filme e confesso que na altura gostei bastante. Agora com as suas opiniões fundamentadas, talvez ficasse com outra impressão do filme. Fez muito bem abordar este assunto e espero que sempre que possível dedique os seus postes à canção francesa, seus autores e intérpretes. É sempre um prazer ler tudo o que escreve!. Boa estadia em Budapeste, cidade onde estive há bastantes anos mas cuja recordação me é bastante grata. O lago Balaton é belíssimo e gostei muito das pessoas. Tudo de bom para si.
ResponderEliminarM.Júlia
Cara Maria Júlia
ResponderEliminarObrigado pelas suas palavras, mais uma vez simpáticas.
Partilhamos a mesma paixão pela canção francesa, o que hoje em dia, infelizmente vai sendo algo cada vez mais minoritário!
Mas é uma paixão que vale a pena!
Levei a minha infância a ouvir Piaf, Non Je ne regrette rien é para mim uma paixão de menino.
Lembro-me de um Verão inteiro em que enchi a cabeça dos meus amigos ao colocar consecutivamente no giradiscos Piaf a cantar Milord e Petula Clark a cantar Viens Avec Moi.
Barbara, Reggiani, Ferrat, Brel, Boccara, Lama e ainda mais antigos como Sablon, Langlois, ou Patachou continuam a fazer parte do meu dia-a-dia.
Alguns deles, ou delas (confesso que prefiro vozes femininas) virão a passar no futuro por este modesto blog.
Haja tempo!
Grato pela sugestão do Lago! Muito e muito obrigado!
Amigo, fizeste um post que atingiu , quanto a mim, a excelência. Li-o de um trago e tinha fôlego para mais. Nascida na geração de sessenta, Piaf fez, necessariamente,parte do meu universo de artistas, dos meus sonhos. Nesse tempo, o cinema e a canção de França eram-nos imprescindíveis. Colavam-se-nos à pele. Era o tempo em que lia a Salut les Copains, andava no liceu e admirava essa pequena-grande mulher não só pelo talento mas pela sua grande dimensão humana.
ResponderEliminarLamento a intolerância da igreja católica, mesmo no momento da sua morte.
Este parágrafo do teu post ficou-me guardado: " Há um outro lado do ser humano Edith, que teria sido bom que fosse também colocado no filme, e decerto com esse equilíbrio o resultado seria mais justo para com a sua memória!"
Fizeste tu esse complemento. E de que maneira!
Boas férias.Aguardo o teu regresso.
Beijinhos
Amiga Sophiamar
ResponderEliminarQuem é da geração dos anos 50 e 60, e foi contemporaneo de Edith, vive agora num mundo comunicacional que previligia o conceito de música como produto de usar e jogar fora, e em que cantoras como Piaf se tornaram meras referências históricas.
Quando ainda por cima essas referências são objecto de tratamento propositadamente incompleto, eu não consigo ficar calado!
Grato pelas suas generosas palavras.Um beinho com amizade.
Parabéns pelo post. Excelente texto, sem dúvida. Aprendi muito acerca de uma das divas da música, que tanto aprecio.
ResponderEliminarEm relação a Budapeste... pois, não dá ainda para ajudar ;) Se fosse Praga, Zagreb, Varsóvia, Cracóvia... poderia ser ;);)
Boa viagem, de olhos bem abertos!
Cara Paula
ResponderEliminarGrato pelas amáveis palavras.
Eu procurei exactamente abordar os lados que ficaram (propositamente) postos de lado no filme de Dahan.
Ainda bem que gostou e que pertence igualmente à legião de apreciadores de Edith.
E pode crer que irei de olhos bem abertos até Budapeste, para tentar aproveitar o máximo. Obrigado pelos votos formulados!
Morreu mas viveu com intensidade e amou, amou, amou.
ResponderEliminarSer humano de ilimitada grandeza.
beijinhos
Só agora consegui tempo para ler este texto até ao fim, mas logo da primeira vez percebi que tinha de cá voltar
ResponderEliminarFui -e sou- um admirador de Piaf e aprendi bastante sobre a vida dessa maravilhosa personalidade que foi uma das figuras mais marcantes da música francesa.
Obrigado
Mais um excelente blog. Parabéns!
ResponderEliminarOBRIGADA!
ResponderEliminarQuanto foi bom ler o seu texto! Sempre gostei muito de Edith Piaf, mas, não conhecia sua sofrida trajetória...
Parabéns!
Beijos de luz e o meu carinho...
O mais lamentável é a teimosia do Vaticano em continuar preconceituoso e pérfido!!
ResponderEliminarAprecio Piaf e foi bom encontrá-la aqui.
Tudo de bom.
Por isso é que gosto de vir aqui, aprende-se tanto...
ResponderEliminarobrigada por este excelente texto..
Meu caro Com senso
ResponderEliminarEste post está, se isso é possível, melhor ainda do que os anteriores.
Colhi aqui imensa informação.
Por exemplo:
Maurice Feltin era-me totalmente desconhecido. (Há uma certa atenuante para a minha ignorância: na década de 60 estive ausente do país a maior parte do tempo).
As atitudes desse "senhor" - não me parece nem digno de ser assim tratado - são o resultado de um fundamentalismo que atingiu vários membros da religião, especialmente a católica.
Não pratico qualquer religião, mas respeito-as, assim como quem as pratica. Mas as atitudes que aqui descreve são, no mínimo, execráveis.
Condeno-as em absoluto!
Sobre Edith Piaf, que adoro, pronunciar-me-ei um dia destes.
Infelizmente o tempo de que disponho não é muito. Hoje postei no SEMPRE JOVENS. Na quinta-feira e domingo é a minha "Casa"...uma canseira!!!
Mas volto a tempo de o apanhar ainda cá. Espero!
Uma noite feliz.
Beijos de muita amizade.
Mariazita
Cara Mia.
ResponderEliminarAchei muito curioso, o que refere quando diz que ela amou, amou, amou.
Numa das suas últimas entrevistas. ela disse exactamente o mesmo: Qual o objectivo da sua vida, das suas canções, de tudo- amor,amor, amor, foi a resposta que deu!
Um beijinho com amizade!
Caro Carlos Barbosa de Oliveira
ResponderEliminarFico feliz, que sendo um admirador de Piaf, tenha retirado algum interesse neste escrito!
Piaf é um caso de quase unanimidade mundial, o que me dá um imenso prazer!
Um abraço
Caro "o que me vier à real gana"
ResponderEliminarObrigado pelas palavras e, tendo já dado uma vista de olhos pelo seu espaço, faço minhas as suas palavras: Eu também não sou contra o capitalismo, mas... calma aí!!!
Um abraço
À amiga MUNDO AZUL
ResponderEliminarGrato pelas suas palavras tão gentis e generosas. Piaf para mim é uma companhia permanente, que começou na infância e que me tem dado, talvez milhares de horas de prazer musical.
Um beijinho carinhoso e amigo
Amiga São
ResponderEliminarNa verdade o episódio de Feltin é absolutamente triste e envergonha a Igreja, o homem tinha ideias peregrinas e atitudes perfeitamente fundamentalistas.
Creio contudo que ele acreditava verdadeiramente no que fazia, o que não o torna melhor, mas eventualmente menos perverso!
Teve inclusivé a infeliz ideia de querer recuperar os "Padres- Operários", algo que só deu problemas ao Vaticano e colocou em evidência as suas vulnerabilidades internas. Obviamente que o Vaticano não aceitou, mas esta sua proposta revela que ele tinha um sentido de missão, mas também que era doido... Contudo chegou a Cardeal... E isso é muito, mas mesmo muito significativo...
Amiga Violeta
ResponderEliminarFico muito feliz por ter gostado e agradeço as suas palavras amigas e incentivadoras.
Um beijinho amigo!
Amiga Mariazita
ResponderEliminarDeixe que lhe diga, que só para saber o que vai acontecer à Anita, ao Arnaldo e ao Vicente até me apetece quase adiar as férias.
Mas como a partida só está prevista para sábado talvez tenha sorte!!!
Quanto a este post, partilho completamente da sua posição, face ao caso Feltin e fico feliz por saber que é também uma apreciadora da pequenina, grande mulher e artista que foi Piaf.
Um beijinho com amizade
Meu caro Com senso
ResponderEliminarComo prometido, voltei!
E logo ao abrir a porta deparo-me com um seu comentário que me faz admitir a hipótese de lhe mandar, por emal, os próximos cápítulos da Anita (ah, ah, ah...). Isto só para não atrasar as sua férias!!!
Falemos então de Edith Piaf.
Essa mulher, com um envólucro tão pequeno, albergando um interior enorme, foi bastante maltratada, não só pela vida, mas também por alguns críticos.
A exemplo do que aconteceu com Annie Girardot (informação que colhi neste blog) as suas actuações menos felizes foram atribuídas a excesso de álcool e drogas, quando na realidade se deviam já a problemas de saúde.
É muito triste que valores como estes não sejam devidamente consagrados, e as sua memórias condignamente preservadas.
Não vou roubar-lhe mais tempo que, em vésperas de partida, é sempre pouco...
Desejo que as suas férias sejam...simplesmente inesquecíveis!
Beijinhos de muita amizade e carinho
Mariazita
nunca é demais volatr a ler os teus posts-pena que nem o tempo nem a disposição por vezes deixa...a vida toma-nos o tempo...e esta ma disposição de insistir em ser portugues, a crise, a insegurança , enfim.... respirar..mas nem por isso n me deixas de me surpereender, e e por aqui fiquei a saber que a igreja continua na sua conduta hipocrita de eleger cardeias, papas..e toda ela são panos, cenarios de uam arrogancia que entristece que perdeu algum tempo ajoelhado em frente a virgem....amen...que dizer do rouxinol...mais uma voz a chegar a mim trazida com arte e o saber de quem sabe do que fala TU...obrigado...boas ferias por Budapeste...qto as restaurantes ...ainda recordo um...cujo sertviço era feito por dois gentis "velhotes" lol. mas seria capaz de saber do nome, mas ..valera a pena?GOMES PAIVA
ResponderEliminarCara Mariazita
ResponderEliminarOlhe que essa hipotese seria muito, muito do meu agrado! Acredite, que o destino do triangulo Anita, Arnaldo e Vicente, não é nada indiferente para muitas dezenas, ou mais, dos seus fieis leitores.
Quanto a este post, toca exactamente no ponto certo.
O sensacionalismo comercialista, não respeita nada nem ninguém, e no caso de Piaf, passa por cima da totalidade dos factos, ignorando uma boa parte deles.
Grato, pelos votos e espero bem que seja mesmo uma óptima viagem.
Até meados de Outubro.
Um beijinho amigo
Amigo Gomes Paiva.
ResponderEliminarObrigado pelas palavras e na verdade a Igreja e os seus representantes, têm por vezes mais defeitos humanos do que deveriam.
Esse aliás é um dos seus principais problemas.
Grato pela referencia restaurativa sobre Budapeste, que é sempre útil.
E até Outubro também.
Um abraço amigo
Estou à meia hora para encontrar algo para dizer.
ResponderEliminarNão encontrei.
Acho que está tudo no post.
Parabéns.
Boas férias.
NAUMON
Amigo Naumon
ResponderEliminarObrigado pela visita e pelas palavras.
Estou de partida. Após meados de Outubro, vou tentar estar de volta.
Um abraço.
Relendo alguns comentários no meu blog, reparei que nunca mais tive notícias tuas. A culpa é provavelmente minha por não ter guardado a tua "morada". Peço desculpa.
ResponderEliminarGostei imenso de ler o teu interessante artigo sobre uma pessoa que me influenciou um pouco na escolha do nome do meu blog.
Se estiveres interessado, vai a procura no lado direito do video da canção "Non, rien de rien" que ja foi tema do meu blog (vou mudando para as pessoas não se irritarem com as mesmas músicas) cantado pela Edith e pela Isabelle Bouley. Acho uma beleza !
Beijinhos verdinhos
Li de um fôlego este texto magnífico, ficando-lhe muito grata por todas as revelações que contém e que algumas delas desconhecia!
ResponderEliminarBem-haja por partilhar todos estes aspectos sobre Piaf e, por mais uma vez, por em relevo os apectos positivos da vida desta pequena, mas enorme mulher de França, que muito admiro.
Um abraço.
Boas férias em Budapeste, cidade que ainda não perdi a esperança de um dia poder visitar.
Goza as férias.
ResponderEliminarbeijinho
meu amigo, -deixe-me chamar-lhe assim- de há cerca de dois anos a esta parte, em computadores de amigos, tenho percorrido muitos blogues. Este é para mim, sem qualquer dúvida, o mais extraordinário que encontrei.
ResponderEliminarnão sou de muitas palavras, deixo-lhe simplesmente os meu obrigado.
é um post um bocadinho grande para esta esfera blogueira que requer leituras rapidas.
ResponderEliminartodavia, é um post muito bem conseguido que merece 20 valores pela qualidade.
beijinhos
Bem aqui aprende-se mto, obrigado por trazer aqui algo de qualidade e que nos faz recuar no tempo, adoro Edith Piaf, o filme não conheço... mas gostei de ler este seu post.
ResponderEliminarUm abraço,
Nuno
Amiga "Je vois la vie en vert"
ResponderEliminarAinda bem que gostou do que escrevi neste post, a sua opinião, por razões óbvias, é naturalmente importante para mim.
Penitencio-me por não ter deixado evidência da minha passagem pelo seu blog, onde de facto vi o video duo dueto virtual entre Edith e Isabelle. Aliás quando voltar a este tema esse dueto será decerto uma referência obrgatória...
Até lá o meu obrigado pelas suas palavras tão gentis e generosas.
Um beijinho de muitas cores.
Amiga Ailime
ResponderEliminarGrato pelas suas amaveis palavras que são um óptimo incentivo para continuar a abordar esta temática, que a mim pessoalmente tanto me agrada.
Infelizmente não o irei fazer nos próximos dias, porque circunstâncias familiares me impõem uma pausa forçada, mas assim que possivel retomarei este blog no ponto em que deixei.
Até lá um abraço amigo.
Amiga Mia
ResponderEliminarObrigado pelos votos e confirmo que, facto as férias foram excelentes, numa cidade muito bela e com muito para ver.
Um beijinho
Amigo "Pront'habitar"
ResponderEliminarComo não poderia deixar de ser, fiquei muito sensibilizado com a generosidade das suas palavras.
Este mundo da blogosfera está repleto de espaços magníficos e o facto de ter avaliado de forma tão positiva este meu modesto canto virtual, deixa-me naturalmente muito feliz e honrado.
Nesta fase encontro-me a fazer uma pausa algo forçada, contudo tenciono dentro de algumas semanas voltar ao ritmo anterior de presenças neste blog e aguardo portanto a sua simpática visita, esperando que os meus escritos lhe possam continuar a suscitar o mesmo interesse.
Obrigado.
Um abraço com amizade.
Amiga Leonor
ResponderEliminarTem toda a razão, trata-se de um post excessivamente longo, e por isso mesmo surpreendeu-me agradávelmente que algumas pessoas tenham tido a resistência para o conseguir ler completamente.
A sua avaliação é obviamente muito generosa e incentivadora.
Fico muito grato.
Um beijinho.
Amigo Nuno de Sousa.
ResponderEliminarComo já percebeu eu tenho uma enorme admiração por todos aqueles que produzem arte.
E sendo um apaixonado por música, tento passar para este blog essa minha admiração.
Fico grato pelas suas palavras, que vindas de um criador de arte, que produz fotos tão notáveis, me honram particularmente.
Um abraço.
Querido amigo,
ResponderEliminarMuito obrigada por completar o vazio que existia em meu interior após assistir pela 1ª vez, semana passada, o filme da vida de Edith Piaf.
Por intuição achei mesmo estranho colocarem tanta desgraça no filme e pelo que li em seu blog ela merecia ser reconhecida por suas boas ações também.
Abraços brasileiros,
Regina Silveira