Embora convidados para o fazer, a CDU e o BE recusaram participar, para Lisboa, num acordo pré-eleitoral à Esquerda. Esse acordo envolveria naturalmente o PS!
Para mim, face a uma coligação à Direita nada de mais lógico, legítimo e natural que a Esquerda se unisse e se preparasse com armas iguais para a disputa eleitoral em Lisboa.
Entretanto, como se sabe, houve desde há meses muito boa gente a pensar nestes termos e a agir por esta causa!
Centenas de personalidades da nossa vida política, cultural e artística uniram-se e fizeram todos os esforços para que uma coligação de Esquerda se viesse a concretizar.
CDU e Bloco mantiveram-se intransigentes na recusa de um compromisso, sabendo, mas parecendo não se importar, que com a sua posição, estavam a fortalecer as hipóteses de vitória do candidato da coligação de Direita!
Entretanto, revelando que à Esquerda ainda existe alguma lucidez o Movimento de Cidadãos por Lisboa liderado por Helena Roseta, a Associação Lisboa é Muita Gente de José Sá Fernandes e o Partido Socialista chegaram a um entendimento.
A luta eleitoral foi bastante disputada e o resultado já todos o conhecemos!
Após o acto eleitoral o que resta para os partidos à esquerda do PS?
A CDU reduziu a sua presença na Câmara a um único Vereador e o Bloco perdeu a presença que lá detinha!
Em vez de participarem, podendo contribuir e influenciar politicamente as decisões camarárias, CDU e BE, seguiram uma estratégia autista, que os levou directamente à derrota.
Estratégia que, paradoxalmente, permite agora que o PS tenha uma maioria absoluta, que eles não têm o mínimo poder para controlar!
Perderam a CDU e o BE mas, com isso, a própria Câmara ficou menos plural e mais pobre!
A votação entretanto fez prova de que, felizmente, os eleitores não seguem cegamente as opções dos dirigentes partidários. E se os dirigentes da Esquerda que temos não foram capazes de entender o óbvio, os eleitores anónimos acabaram por lhes dizer que são os partidos que têm servir o interesse dos eleitores e não o contrário.
Quando o PS errou, ao desvalorizar a a canditura já existente de Manuel Alegre, escolhendo Mário Soares para candidato presidencial, teve a surpresa de ver a maioria dos seus eleitores fugirem para Manuel Alegre!
Será que a CDU e o Bloco pensavam estar imunes a esse tipo de situações?
É bom que tenham aprendido a lição! É bom que percebam que os cidadãos hoje em dia já não precisam de vanguardas iluminadas que decidam por eles.
É bom que reflictam que em Democracia, na casa comum da Esquerda não temos todos que pensar o mesmo sobre as mesmas coisas mas que, quando estão em causa princípios, o que une é sempre mais forte do que o que divide.
Não agir assim é ser sectário e “pequenino” e prestar um mau serviço à Democracia e ao País!
Por último, gostaria de referir algo que considero também ser um sintoma doentio da Democracia portuguesa!
Falo da reeleição de Isaltino de Morais em Oeiras!
É necessário que todos os dirigentes políticos pensem, tanto à Esquerda como à Direita, no fenómeno Isaltino.
Falo da reeleição de Isaltino de Morais em Oeiras!
É necessário que todos os dirigentes políticos pensem, tanto à Esquerda como à Direita, no fenómeno Isaltino.
Marques Mendes e João Cravinho já nos apontaram caminhos para que a Política em Portugal se torne algo de sério e respeitável aos olhos dos portugueses!
Ontem à noite, numa das televisões, foi repetida uma frase que eu já ouvira outras vezes: “Ele rouba, mas todos fazem o mesmo e muitos até roubam mais que ele! A diferença é a de que este foi apanhado!"
Uma votação como a que teve Isaltino de Morais, num concelho como Oeiras, faz-nos acreditar que pensamentos como este já se entranharam e vulgarizaram no caldo de cultura em que este País se afunda!
Ontem à noite, numa das televisões, foi repetida uma frase que eu já ouvira outras vezes: “Ele rouba, mas todos fazem o mesmo e muitos até roubam mais que ele! A diferença é a de que este foi apanhado!"
Uma votação como a que teve Isaltino de Morais, num concelho como Oeiras, faz-nos acreditar que pensamentos como este já se entranharam e vulgarizaram no caldo de cultura em que este País se afunda!
Uma frase destas surgir em mesas de café, entre amigos, tem a importância de um fait-divers pateta, contudo, quando a dimensão da coisa se torna tão forte que as próprias televisões já reproduzem estes comentários dentro da análise política dos resultados eleitorais, faz-nos perceber que chegámos já ao nível do que de pior existe na América do Sul.
É bom portanto que quem tem poder neste País tome decisões sérias nesta matéria,
Se não, não nos admiremos que em próximas eleições, à semelhança do que era dito de um eterno vencedor de eleições em São Paulo, apareçam, sem escandalizar ninguém, slogans de candidatos dizendo: “Rouba, mas também faz”
Querido amigo
ResponderEliminarnão poderia estar mais de acordo contigo em ambos os casos.
E permite-me uma achega, que mostra a arrogância dos bloquistas após as votações das eleições anteriores e que não correspondem nem de perto nem de longe ao peso político que o BE tem realmente: perguntado a Luís Fazenda se aceitaria após as eleições, algum entendimento com António Costa, o candidato bloquista respondeu negativamente; decerto já sabia que essas questão nem se viria a pôr, pois não foi eleito...
Abração.
Uma excelente reflexão política, com a qual me identifico nos vários aspectos que analisa.
ResponderEliminarUm abraço.
Querido amigo,
ResponderEliminarComo sempre, mais uma clara e lúcida análise com a qual concordo inteiramente.
Resumindo, e referindo-me a Lisboa, perdeu a Democracia com as recusas do BE e do PCP. E apesar da lista Unir Lisboa ter a maioria absoluta na CML, o mesmo não acontece na Assembleia onde vai ter de negociar as grandes questões da governação...
Mas parece que os partidos não aprendem, pelo menos o BE continua a manter o mesmo arrazoado esquerdista de sempre.
Abração
Um grande abraço