quinta-feira, julho 24, 2008

Vontade de mais férias

Vim de umas férias, muito agradáveis na zona do vale do Tejo.

Durante as férias fiquei a saber que o processo Maddie foi arquivado… Entretanto, ligo hoje a televisão e dou com a entrevista do ex-inspector da PJ, Dr. Gonçalo Amaral à RTP.

De acordo com a sua teoria sobre este caso:

1- Maddie morreu em casa, eventualmente por acidente, estando os pais envolvidos na ocultação do o cadáver da menina.

2 - Kate e Gerry, momentos após a morte da criança, teriam concertado à mesa do restaurante, com os sete amigos, com quem jantaram alegremente, a versão a dar à polícia.

3 - O casal teria encontrado, ainda durante aquela madrugada, apoios locais que lhes teriam proporcionado uma arca frigorifica, onde o cadáver teria ficado algumas semanas.

4 - Do mesmo modo teriam tido o “jeito” de um laboratório inglês que não validou cientificamente os dados obtidos a partir dos vestigios biológicos encontrados na Praia da Luz.

5 - A nível diplomático, os McCann teriam obtido o favor de uma visita do embaixador britânico, o que segundo o Sr. Inspector constituíu uma pressão sobre a polícia.

6 - A nível político, os governos português e britânico, aquando da preparação da Cimeira de Lisboa, teriam metido também o seu dedinho a favor dos McCann neste processo.




Considera também que é estranho a Polícia, ter que dar informações regulares à família de uma criança desaparecida sobre o andamento das investigações.

Confessa ainda que durante o período em que foi responsável pela investigação, apesar de ter encontrado indícios suspeitos e visiveis contradições entre os vários testemunhos, relativamente aos pais de Maddie:

a) Não se fizeram todas as perguntas que deveriam ter sido feitas.
b) Não se passaram a seguir os seus movimentos.
c) Não se colocaram os seus telefones sobre escuta…

Confessou igualmente que, na noite do desaparecimento da criança “os colegas” que chegaram primeiro ao local não fizeram tudo o que deveriam ter feito, não classificando esse facto como um erro,… mas sim como compreensível efeito de alguma inexperiência!!!!!!

Obviamente que não sei, tal como parece que ninguém sabe, o que realmente se passou com a pequena Maddie, contudo quando perante elementos contraditórios e factos suspeitos, se aposta numa determinada teoria convém divulgá-la apenas quando ela se possa afirmar como suficientemente credível, não se baseando unicamente em construções subjectivas a partir de uma certa escolha de “indícios” derivada de algumas convicções pessoais.
Terá sido isso mesmo que o antigo director da PJ concluíu quando afirmou haver precipitação neste caso.

Sinceramente tenho de confessar que ao saber que o Dr. Gonçalo Amaral iria colocar à venda um livro, baseado em elementos tirados de um processo que é pertença da instituição para a qual trabalhou, me surgiu a suspeita de que a prudência não fosse o seu forte....
Ao ver esta triste entrevista, creio que a imagem da PJ, que já não estava boa, ficará agora alarmantemente de rastos!
Meio atordoado ainda com este triste caso, surge de imediato o programa seguinte, um concurso televisivo, em que logo no início, um licenciado em economia dá como exemplo de palavra em que o X tem o som "CS", o vocábulo ....XAILE…

Não aguentei mais... apaguei a televisão.... não só porque tinha bem mais que fazer, mas também porque me veio uma enorme vontade em ir de férias de novo… Desta vez para bem longe….


E assim farei dentro de dois meses... confessando, que apesar destes maus-humores trazidos via TV, me considero um homem de sorte neste estranho País onde, da triste infelicidade de uma pobre criança, se alimentam tantos oportunismos e se revelam tantas incompetências.

13 comentários:

  1. Confesso que também me desiludiu um pouco a referida entrevista, pois o que havia ouvido do livro me indiciava algo de muito mais consistente...
    Abraço.

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  2. Infelizmente nem sequer este é caso único.
    Mas também não podemos meter a cabeça na areia, não é? É preciso informarmo-nos, é preciso procurar a informação séria...
    E denunciar!

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  3. Salvé!
    Vim dar-lhe as boas vindas, embora mediante o que escrevi, pensei que houvesse algum eco...
    bem...boas intenções eu tive.
    Quanto á vontade em continuar de férias...isso depende muito, da forma como se está na vida. Eu por exemplo, decidi - centrada no meu eixo - que nada (ou quase) me abalasse. Por isso afirmo que me encontro sempre de férias... e se saio por uns dias, do meu local é precisamente para me (re)abastecer mais um pouco de "pózinhos de prelim pim pim". Vou para um spa - digamos assim - de saúde integral: mente e espírito; pois se estes estiverem equilibrados a saúde é a 100%! - mas a maioria, nunca vai! - É por isso, que anseiam tanto as "benditas" férias. Mas este fenómeno é extraordinário! Todas as pessoas, passam de um local ruidoso,poluído, stressante, cheio de gente (sempre metidos em caixas - casa, carro ou outros transportes, emprego, bares, discotecas,restaurantes, centros comerciais, etc.) - para outro/s local/is com as mesmas características ou piores ainda...mesmo fora de Portugal. Depois, quando regressam, dizem-se rejuvenescidos - "apenas" pela não obrigatoriedade do trabalho...para ganhar dinheiro, que tanta falta lhes faz! Se é a isto que chamam de "férias"...??? há que concordar que a maioria não anda bem! Ou então...sou eu a anormal - como também diz essa mesma maioria, pela sua enorme "sabedoria"! Realmente eu não vejo tão "claramente", no sentido de luz, esse "bem". As pessoas deveriam procurar o inverso daquilo que as prejudica um ano inteiro...mas reincidem!

    Quanto ao caso que do seu post, ao denunciar-se - como eu também tenho feito - apenas serve...para conhecimento dos demais. Só! Os conluios não vão deixar de existir...seja cá ou noutros países com as mesmas tendências: incompetência, irresponsabilidade, inconsequência - estas são as "3 senhoras soberanas"!Resta pois, aguardar mais um pouco até que o caos total se instale e depois então...se possa observar, omo de um filme de ficção se tratasse, pessoas e situações, reinventando-se para sobreviver mais ainda...ou então, morrendo para si e para o mundo, para depois ressuscitarem, quais fénixes e então sim, construírem um mundo novo.
    Nada acontece por acaso - embora este caso fabricado até ao mais ínfimo pormenor, tivesse servido para que outros pais avançassem com outro tipo de "armas" bem mais alarmantes, quando um filho/a seu/sua desaparecesse...em vez de se calarem como sempre é solicitado pela polícia, deixando os casos pendentes até morrerem...nos arquivos ou no terreno!

    Fique bem
    MAriz

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  4. Um pouco egoisticamente tenho que confessar que gosto de o ver de volta. E como as férias parece terem sido boas, fico duplamente contente.

    Assisti também à transmição da entrevista que tão bem descreve aqui.
    Concordo com a sua apreciação, mas pergunto: arquivar o processo porquê? Não haveria ainda muita coisa a investigar???
    Há um ano atrás troquei correspondência com um amigo, acerca do caso Maddie, e disse-lhe o que agora repito: isto é muito estranho, muito confuso, há muitas coisas ocultas que não sei se algun dia virão à tona...

    O concorrente que falou em XAILE deve ter falta de OXIGÉNIO no cérebro...
    Cada vez vejo menos televisão. Não há pachorra!!!
    Beijinhos
    Mariazita

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  5. É incrível como se deu todo episódio desta investigação que merece ser investigada.
    Cadinho RoCo

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  6. Caro "Pinguim"

    Exactamente, ao ver a entrevista fica-se com um sabor amargo na boca...Eu pessoalmente gostaria de ter uma PJ segura e credível. Independentemente das possiveis qualidades profissionais do inspector, a verdade é que esta entrevista não deu um bom contributo nesse sentido. Infelizmente...
    Um abraço.

    Cara Justine~

    Ultimamente, quanto mais se conhece do que se passa nas instituições nacionais e nesta sociedade, mais preocupado se fica, quanto ao futuro.
    Creio contudo que ficar calado e quieto é que não resolve nada. Por isso concordo consigo. É preciso denunciar o que está mal, as más práticas, os absurdos, as injustiças... Por enquanto ainda tenho alguma fé!!!
    Um abraço!

    Cara Mariz

    Obrigado pelas suas intervenções. Esta e a anterior, que li com todo o interesse e gosto.
    Dou-lhe os parabéns, pelo facto de poder ter decidido não se deixar abalar, pelo o que quer que fosse.
    A minha perspectiva é outra. Para mim a vida comporta tudo e gosto das suas surpresas, mesmo as desagradáveis. Fazem-se sentir vivo e com a idade que já tenho, percebo melhor que o valor do que é bom se torna ainda mais precioso, quando as coisas más acontecem...
    Do mesmo modo, também não tenho a felicidade de me sentir sempre de férias... Não possuo os seus pózinhos... Mas é bom saber que eles existem e que alguém teve a sabedoria de os produzir ou os encontrar...
    Gosto das suas visitas e do seu blog!
    Um abraço.

    Cara Mariazita

    Obrigado pela visita e espero que as suas férias tenham sido agradáveis e reparadoras.
    Concordo consigo, acho que estes os processos relativos a estes casos não deveriam ser arquivados.
    Percebo que às vezes se pode chegar a um beco sem saída e já não é possível saber mais nada, mas para mim mais importante que encontrar os culpados, é encontrar a criança e disso penso que náo se pode nunca desistir. Nem desta nem de outras crianças, nem de tantos e tantos adultos cujo paradeiro fica para sempre desconhecido.
    Para o que é importante nunca deveriam faltar os meios.
    Prefiro que a polícia esteja bem preparada e com efectivos suficientes, do que andar a atravessar Portugal de TGV...
    Um beijinho com amizade.

    Caro Cadinho Roco
    Grato pela sua visita. E concordo absolutamente consigo, penso que esta investigação deveria ser auditada, pois a verdade é que parece existirem coisas absurdas a mais neste processo.
    Um abraço.

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  7. Caro Amigo:

    Primeiro, dou-te as boas-vindas e desejo que por aqui passes mais vezes pois a qualidade dos teus posts, sob o meu ponto de vista, é da melhor.Férias são férias e dependem do gosto de cada um o local e as opções que se tomam para retemperar as forças de um ano de trabalho. Mas, férias dentro de dois meses, de novo, uma semana ou talvez mais, já me faz cá uma " invejazita" que não te digo nem te conto. Férias cá dentro, férias lá fora...
    A conversa vai longa e já quase sem nexo ( cs em vez do ch)e o assunto é a entrevista do Dr. Gonçalo Amaral. Pois eu estou de férias e cá no meu conceito a televisão é quase banida das minhas vistas. Lamento! No entanto, já tinha visto uma entrevista do dito senhor, feita pela jornalista Manuela Moura Guedes e não tinha ficado assim " cheia" com o teor da sua conversa.Não posso pôr em causa a sua capacidade de investigador, que não conheço, mas, na minha modesta opinião, que vale o que vale não me parece ser esta a altura adequada para publicar o livro porque eu tenho a esperança, qualidade que só morre quando o próprio morre, de que um dia, ainda que tarde, se faça luz sobre este e outros casos que nos deixaram alguma descrença no que à justiça concerne.Um vazio,um sabor a pouco que, de todo, não é expectável quando se trata de vidas humanas.
    Creio também que a mediatização destes casos deve ser qb sob pena de prejudicar uma investigação rigorosa que se quer calma e quase silenciosa.Assim o creio.
    Beijinhos

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  8. Este inspector tem vários processos às costas devido aos seus métodos pouco equilibrados, que chegam a meter acusações de tortura para obtenção de confissões.
    É uma figura sinistra e sem qualquer credibilidade.
    É triste ver a nossa policia entregua a gente desta.

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  9. uma enorme vontade em ir de férias de novo… Desta vez para bem longe….

    mas enquanto não fores...desliga a televisão e ouve música ou lê um clássico....verás que entraste novamente num período de verão, sem ofensas visuais e eticas...

    Um abraço

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  10. Ao ler o seu "post" dei por mim a pensar que não vejo televisão desde Março 2008. E eu que até era teledependente. O LIXO é tanto e tão mau, que o "desmame" não foi difícil. Mais depressa me meto nas drogas duras, do que volto a ver televisão. As desculpas pela ousadia... mas, tivemos a recente visita do Caetano Veloso ao nosso pais para mais um concerto. Porque não abrir um tinto e ouvir o último trabalho o Caetano?

    GRITOMUDO

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  11. Cara Sophiamar

    Obrigado pela visita e pelas suas simpáticas palavras.
    Este caso foi tão mediatizado que toda a gente acaba por tomar partido, ter opinião, quando afinal,só muito poucas pessoas conhecem o processo e menos ainda sabem o principal: o que aconteceu à pobre criança.
    Este caso foi transformado num espectáculo e houve fortes pressões sobre uma polícia que não estava habituada a ela.
    Penso no entanto que a polícia terá que cada vez mais se ir habituando a que as pessoas a pressionem de todos os modos possíveis, e continuar imperturbável a continuar o seu trabalho.
    Um beijinho com amizade.

    Ao amigo Anónimo
    Sinceramente não conheço a carreira do inspector.
    Admito contudo que ao ser ele próprio, objecto de investigação, a credibilidade do seu trabalho afectada... Ele próprio parece ter colocado a questão aos seus superiores. A Direcção da PJ contudo teve outro entendimento
    e colocou-o a coordenar este caso... Foi um risco, mas a mim o que me perturba não é isso, pois ele tal como as pessoas que investiga, são inocentes até prova em contrário.
    O que perturba, é a que a teoria que apresentou publicamente parece-me ser bastante irrealista e eu acho que acusações tão graves como as que produz, deveriam ter uma sustentação bem mais sólida.
    Um abraço.

    Caro Luis Galego
    É verdade que hoje em dia a poluição televisiva é tão forte que acaba por constituir, como muito bem diz uma verdadeira ofensa visual... Pouco ética... inestética... boçal mesmo... A dificuldade está em conseguirmos afastar-nos dela completamente... Vai-se tentando, mas não é fácil...
    Um abraço

    Caro Grito Mudo.
    Não foi ousadia nenhuma e foi um óptimo conselho. Ouvir Caetano é sempre algo que me faz sentir magnificamente e até esquecer o mundo.
    Obrigado pela sua visita e parabéns por ter já conseguido completamente o que eu apenas só consegui parcialmente: abandonar a dependência da Televisão.
    Um abraço

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  12. Viva In Senso!
    Voltei para completar o meu comentário, após a sua amável resposta.
    "...a dificuldade está em conseguirmos afasarmo-nos dela completamente.... - palavras suas.
    Era aí que eu queria chegar. Por isso referi que a melhor forma seria "centrarmo-nos","alinharmo-nos" e como espectadores do "drama da vida" retirarmos o melhor que ela contém e quanto ao resto, faze-lo sair pela portados fundos, sem regresso! Percebe? Porque senão, ficamos metidos nessa teia que nos faz sentir: indignação, fúria, raiva, rebeldia, e por aí fora - É a isto que chamo, desvio do nosso eixo. Digamos que é uma simples forma de afastar as más energias que nos podem prejudicar sem que estejemos metidos na/s coisa/s - pelo menos...não directamente.
    Quanto a surpresas, como referiu e outas coisas boas da vida...aí sim, aproveito-as e recebo-as com duas mãos e de coração aberto, sem nunca esquecer de agradecer - porque é aí que me sinto centrada...retirando o lixo, ou seja: a desarmonia, o desequilíbrio, a morbidez, a dormência, and so on, por tudo o que nos rodeia!
    O "combate", deverá ser com outro tipo de "armas", que não as mesmas com que a maioria utiliza. É essa tentativa que faço na minha vida diária. É por isso que consigo ver bem as côres variadas do que me rodeia e sentir os seus diferentes cheiros e sons.
    ESpero ter sido mais clara.
    Grata pelo elogio ao meu blog.
    fique bem então
    Mriz

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  13. Corrijo, porque são palavras suas...
    "afastarmo-nos" - queria eu escrever.
    Peço desculpa. Mas é que por vezes penso mais depressa do que escrevo e porque quero dizer tudo escrevo a turbo! - mania minha, por deformação profissional....

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