Todos os anos se verifica também que, poucos dias após o prédio estar pintadinho, lá aparecem uns rabiscos ininteligíveis das mais variadas cores e tamanhos, com ou sem desenhos.
Há de tudo nestas sacrificadas paredes!
Confesso também que, apesar de tudo e da raiva que esta situação me transmite, por se tratar do sítio onde vivo, há locais bem mais sacrificados. O Bairro Alto, em Lisboa, por exemplo.
Foto retirada do Blog Cavaleiro Templário
Ao ver estas fotos, de um dos locais mais emblemáticos e visitados da nossa Capital, apenas vejo como lado positivo o sinal de transparência sobre a qualidade da nossa gestão autárquica e política.
Ver a degradação, o desleixo, o mau gosto, a sujidade e a porcaria que se encontra e amontoada naquele local traduz exactamente o nível de interesse, de preocupações e de amor que os nossos políticos autárquicos têm pela sua cidade. É um espelho magnífico deles e diz-nos exactamente o que deles podemos esperar.
O graffiti é hoje em dia matéria de debate, sobre se se trata de arte ou de vandalismo.
Confesso, que sobre este tema tenho tudo menos uma mente aberta e, de acordo com a minha opinião muito pessoal, permito-me reduzir as coisas a uma forma muito simples:
Num espaço que é público ou numa propriedade que é privada ninguém deveria ter o direito de pintar fosse o que fosse, só porque lhe apetece. Ainda que se trate de Arte!
Nasci em 1956, vivi 18 anos em ditadura e percebo muito bem a necessidade de num regime sem liberdades se ter de recorrer às mensagens murais para transmitir ideias, dar conhecimento de factos, manifestar apoios ou revoltas!
Quando os nacionalistas italianos queriam mostrar aos austríacos a sua presença, escreviam nas paredes VIVA VERDI, frase de duplo sentido: Homenagem ao grande compositor e ao que viria a ser o Rei da Itália unificada: Vítor Emanuel Rei De Itália.
Ou quando os cubanos querem dizer ao regime que não há unanimidade e que desejam ser livres, entende-se a lógica das suas inscrições murais.
No entanto qual será a justificação social, política e estética para algo como isto, que se encontrou numa estação de comboios do nosso País:
Vi algures, como definição de Graffiti, tratar-se de um movimento organizado nas artes plásticas, em que o "artista" aproveita os espaços públicos, criando uma linguagem intencional para interferir na cidade.
Mas quem lhe concedeu esse direito de interferência, na cidade que é de todos nós?
Apesar do Graffiti se tratar de algo que hoje pode ser encontrado em Museus, isso só por si não é passaporte nem credencial para nada.
A intervenção visual desordenada, avulsa, descontrolada feita no espaço público é para mim, absolutamente condenável e deveria ser firmemente combatida!
Se olharmos um pouco à nossa volta acabamos por perceber que quem dá esse direito de interferência, ainda que se possa considerar de forma indirecta, acabam por ser as próprias autoridades ao promoverem com os dinheiros públicos concursos de graffiti de norte a sul do País.
Deixo a seguir alguns exemplos e anúncios e regulamentos de concursos de Graffitis de Câmaras e Juntas de Norte a Sul do País (para ver mais em detalhe, fazer click sobre cada imagem):
Concurso de Graffiti - Câmara de Trofa
Concurso de Graffiti - Câmara de Santarém
Concurso de Graffiti - Câmara de Sintra
Concurso de Graffiti - Junta de Freguesia da Pena - Lisboa
Concurso de Graffiti - Câmara Municipal de Oeiras
Concurso de Graffiti - Câmara Municipal de Faro
Se de uma forma estrita se poderá dizer que aquilo que estas autoridades fazem é apelar ao sentido artístico tentando canalizar esse movimento para momentos e zonas específicas da cidade, de um ponto de vista mais geral a mensagem que acabam por passar é a de que a feitura de graffitis não tem nada de negativo, é legitima e até socialmente aceite.
Ora isso é exactamente o contrário do que eu penso como o adequado numa sociedade normal e civilizada!
Resta-me acrescentar que, como eu sou apenas um simples cidadão, o que eu acho ou deixo de achar decerto não valerá nada para os nossos dirigentes municipais!
Mas não será por isso que eu deixarei de me pronunciar contra estas atitudes de dirigentes e políticos de todas as cores que, ainda por cima, nunca se dão ao trabalho de dizer o que pensam destas coisas concretas da vida da cidade, quando se propõem conquistar votos!
Resta saber se eles sequer pensam... e se têm a noção de todos os efeitos e consequências que as acções que promovem acabam por produzir?
Admitindo que não é por por desleixo, incúria e incompetência que a autarquia lisboeta não faz nada para preservar o Bairro Alto destes "ataques artísticos", só poderei concluir que é porque entende que esta forma de "arte" valoriza aquela zona turistica e típica da cidade.
E se assim for, será que os nossos autarcas pensarão que, com o aspecto que apresenta resultante da "arte" com que profusamente se encontra decorado, este bairro antigo de Lisboa se transformou num especialissimo Museu a céu aberto?
Bom, é que face ao panorama terrível daquela importante zona histórica de Lisboa ou estamos perante incompetência, desleixo e a falta de amor pela cidade, ou estamos perante uma visão de estética urbana de pura bandalheira em que cada um faz o que quer e onde quer!
Qualquer das hipóteses é muito má! Mas é o que temos! Até quando?
Foto "Flick" do utilizador Sopra Mais - Rua do Bairro Alto
Embora, por vezes, se encontrem alguma coisas interessantes, a grandse maioria é só sujar paredes...
ResponderEliminarAbraço.
Desculpar-me-á o pinguim e todos os eventuais comentadores que partilhem do mesmo sentimento, mas nem que se tratasse de graffitis cujos autores fosse o Miguel Angelo ou Picasso.
ResponderEliminarTrata-se da questão de fundo: num espaço público ou privado não é permitida a afixação de placards sem autorização. Com os graffitis deveria passar-se o mesmo. Infelizmente a inércia existente na generalidade das autarquias e a indiferença das autoridades permite que assistamos ao espectáculo miserável, cujo exemplo é bem traduzido no Bairro Alto e.... nos prédios da rua onde resido!!!
Por acaso, até gosto de alguns. Os das carruagens de comboio, em particular. Gosto.
ResponderEliminarCordiais saudações.
ResponderEliminarDevo começar por dizer que concordo em absoluto com tudo o que diz.
Gostaria só de chamar a sua atenção para a questão Graffiti's verÇos Writer's. Penso que tudo o que diz se refere a Writer's.
O assunto também tem tido reflexão na CML. O PP apela para a aplicação de medidas punitivas. O PS e PC temem essas medidas, apelidando-as de "fascizantes". Até quando a cidade e nós vamos suportar esta situação?
GRITOMUDO
versos
ResponderEliminar"A intervenção visual desordenada, avulsa, descontrolada feita no espaço público é para mim, absolutamente condenável e deveria ser firmemente combatida!"
ResponderEliminarE nada mais tenho a acrescentar.
Concordo plenamente.
Beijinhos
Meu caro com senso
ResponderEliminarEstou perfeitamente de acordo com tudo o que diz.
Não há muito tempo o prédio onde vivo foi pintado de alto a baixo. O encarregado da obra sugeriu usar uma tinta especial, mais cara (claro!) que repele a tinta usada para os graffiti. Um ou dois dias depois da obra terminada, já as paredes estavam cheias de gatafunhos!!!
Punir os autores seria uma boa ideia, independentemente de legislação nesse sentido, que não existe.
Mas como apanhá-los em flagrante delito??? Pela minha parte nunca vi nenhum desses "artistas" em acção. E assim, agem impunemente.
E vivam as paredes sujas!
Até quando? - pergunta muito bem.
Beijinhos
Mariazita
ola boa tarde
ResponderEliminaraqui esta um post com cabeça, tronco e membros. muito bem exposto ao abordar varias questoes.
arte ou vandalismo?
as duas coisas de facto.
beijinhos
Subscrevo por inteiro aquilo que acabei de ler. Não compreendo a passividade das autoridades em relação ao assunto em questão visto tratar-se, desculpem-me os que não concordam, de um acto de vandalismo tão censurável como outro qualquer e que, como tal, deveria ser alvo de punição em conformidade com o dano provocado. Não me consta que estes "artistas" alguma vez tenham sido obrigados ao pagamento dos danos que a seu bel-prazer, pela calada da noite, causam nas propriedades privadas ou públicas de todas as cidades de norte a sul do país.
ResponderEliminarSugiro a criação de espaços próprios para o efeito onde aqueles que a esta arte se dedicam, dêem asas à sua imaginação.
É que assim não podemos continuar.
Beijinhos
Continuo de férias, pouco ligada à net, mas venho desejar-te um bom fim de semana. Do meu mar e da minha serra envio-te beijinhos e um abraço amigo.
ResponderEliminarAcho que os graffiti podem ser considerados arte urbana, mas esta arte nunca deveria ser praticada em propriedade privada. É abuso, e como tal deve ser proibida/penalizada. E um dos caminhos, creio eu, é mesmo canalizar essas manifestações para paredes e locais específicos, e não permitir que sejam feitos noutros locais.
ResponderEliminarMas também acho que os nossos autarcas querem lá saber...
Gosto muito da posição tomada neste post. Foi-se consolidando no meu espírito uma sugestão já antiga, que, agora, acabei por ver nos comentários de Sophiamar e de Justine. Partindo da ideia de que algo pode haver de arte nesses «trabalhos», seria de criar paredes resguardadas da chuva onde pudessem ser feitas pinturas que periodicamente seriam limpas para recomeçar novas «obras», Antes de serem eliminadas, seriam fotografadas e expostas em «museus» de grafitis.
ResponderEliminarFora desses locais seria rigorosamente proibido sujar as paredes. os sinais de trânsito, os monumentos, etc.
Abraços
A. João Soares
A minha colaboração no SEMPRE JOVENS é às Terças-Feiras.
ResponderEliminarNo meu blog, A CASA DA MARIQUINHAS, faço postagens Aos Domingos e Quintas Feiras.
Como no próximo dia 15 vou ausentar-me, para férias, gostaria de contar com a tua presença e comentário nestes dois últimos posts, o que antecipadamente agradeço.
Felicidades. Até Setembro.
Beijinhos
Mariazita
PS – Guarda esta informação, que é preciosa -:)))
Não estás errado, não! A utilização dos espaços, públicos ou privados, sem autorização, infringe a lei.É urgente a criação de " ateliers de grafitteurs" para evitar a proliferação anárquica deste tipo de arte que, assim, é apenas e só poluição visual.
ResponderEliminarBeijinho
Concordo em absoluto com o que acabei de ler; a liberdade desses "graffiters" acaba quando a nossa liberdade começa ou, quando começa a liberdade dos donos dos desgraçados dos edifícios...
ResponderEliminarDeveria ser implementadas leis rigorosas para travar com esta porcaria.
Claro que alguns dos pseudos artistas da nossa praça, ficaram prisioneiros dos argumentos que costumam avançar para defender as suas "obras de arte"; é que argumentar que arte é tudo o que se entende que o seja, defesa de algumas correntes do modernismo contemporâneo, também serve agora para justificar como sendo arte, o que os graffiters fazem nas paredes dos edifícios das nossas cidades, quando não o fazem nas estátuas e monumentos( não digo que algumas dessas composições não sejam dignas de merecerem atributos de arte).
Para mim, sujar as paredes, não passa de uma grande falta de educação para com todos nós, a não ser que seja tal seja feito em local próprio e aí, que coma essa arte quem quiser...