quarta-feira, maio 13, 2009

Uma canção célebre numa voz pouco escutada

Hoje trago aqui uma canção com quase 100 anos, na voz de uma cantora portuguesa que merecia ser mais e melhor conhecida pelo público português.

A canção é de origem francesa tendo sido escrita e criada em 1916 por Jeanne Bougeois, conhecida no mundo artístico com o nome de Mistinguett, e que se celebrizou tanto pelas suas actuações, como pelas suas pernas (postas no seguro em 1919 por 500.000 francos).




O seu nome original é Mon Homme , que ao atravessar o Atlântico para a voz de Fanny Brice tomou o nome de My Man, tendo-se tornado num clássico, recriado pelas vozes de Piaf, Billie Holliday, Streisand e Diana Ross, entre muitas outras.

Entre essas tantas vozes há a de uma portuguesa, que a gravou em Espanha, no início da década de 70, falo de Paula Ribas.





Paula Ribas iniciou a sua carreira no início dos anos 60, tendo-se popularizado quer como cantora yé-yé, quer como cantora romântica.

No entanto, quer devido a um afastamento temporário a seguir ao casamento, quer pela opção em fazer carreira no exterior do país, era de algum modo olhada como uma "estrangeirada".

Gravou nessa década mais de 40 discos, dos quais 10 LPs, em 5 linguas diferentes.

Actuou nos palcos de todo o mundo, assinalando-se os seus maiores êxitos em Israel onde ficou 4 meses, na Escandinávia onde ficou 10 meses, Espanha onde gravou a maior parte dos seus discos (para a etiqueta Belter) e depois no Brasil onde viveu vários anos e onde também fez vários trabalhos discográficos muito elogiados pela crítica (nomeadamente um sobre a obra de José Afonso e outro de "Fados Brasileiros").





Conhecida por ser muito directa e crítica quanto à qualidade da música que era levada aos portugueses residentes no exterior, fez a sua carreira no estrangeiro fora dos circuitos tradicionais da emigração!

Talvez seja por isso que apesar de ter feito tantas gravações, a maior parte delas continuem desconhecidas do público português, o que me parece um enorme desperdício e uma imensa injustiça.



Aliás, devo até referir que a única colectânea de Paula Ribas até hoje editada em CD contém apenas registos do inicio da sua carreira yé-yé, muito fraquinhos, esquecendo dezenas e dezenas de canções que gravou com enorme qualidade.

O porquê desta opção não consigo entender!

Termino pois, com a célebre MY MAN, na voz de Paula Ribas, alertando para o facto de o som, que resulta de uma digitalização feita a partir do vinil, não ter toda a qualidade que merecia.

17 comentários:

  1. Um grande obrigado por me teres recordada esta cantora da qual me lembro muito bem; mas não conhecia o seu percurso pessoal e artístico, que é incrível...
    Quanto à canção, conhecias as versões antigas da Mistinguette e da Fanny Brice e a versão da B.Streisend... e outra que até pode ser algo pirosa, mas eu adoro aquela voz: Sara Montiel, a cantar no "La Violetera" o "Es mi hombre" ao Raff Valonne...recordas-te?
    Abraço amigo.

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  2. Paula Ribas terá sofrido da pequenez e do atraso em que vivíamos. Creio que terá sido das primeiras no nosso país a efectuar uma operação plástica. E críticos não lhe faltaram por isso.
    O seu sucesso no estrangeiro aliado ao ambiente de invejas que se vivia na altura entre colegas, acrescido por algumas das suas declarações acerca do nosso panorama musical poderá ter contribuído para ter sido votada ao ostracismo cá pelo nosso burgo… porque qualidade parece não lhe ter faltado!

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  3. Caro Pinguim
    Não considero nada pirosa a versão da Sarita Montiel que, se bem me lembro, utilizaste ainda não há muito tempo como fundo musical de um dos teus posts.
    Enquadra-se dentro do estilo de uam boa parte das versões, nomeadamente das francesas e da da própria Fanny Brice.
    A primeira a divergir desse estilo foi Billie Holliday que a recriou completamente e depois Barbra Streisand que a tornou verdadeiramente espectacular.
    Paula Ribas dá-nos uma versão na linha da de Barbra, Bassey e Summer e eu pessoalmente gosto imenso.
    Um abraço amigo

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  4. Amigo Corre
    Tens toda a razão quando referes que a existência de um ambiente mesquinho e medíocre na nossa pequena industria de espectáculos não favoreceu em nada a carreira de Paula Ribas.
    A sua independência e “modernidade” deixavam desconfortáveis quer um público que se escandalizou com a plástica que realizou ao nariz na década de 60, quer a televisão e as rádios.
    Na verdade após o escândalo havido com o Francisco José na televisão, o espírito crítico e a ousadia de artistas como Paula Ribas não eram lá muito desejados.
    Ainda assim, pelo meio das suas deslocações ao exterior, foi cabeça de cartaz em três filmes musicais nacionais, fez Teatro e chegou a representar Portugal em 1970 num festival internacional.
    Não teve contudo o apoio das nossas editoras, o que a levou a passar cada vez mais tempo em Espanha onde gravou a maior parte dos seus discos, os quais depois não chegavam a passar nas nossas rádios.
    Estranhamente aquando da edição de uma colectânea do seu trabalho, os seus maiores sucessos não se encontravam lá. Por exemplo o “Poema do Fim”, a sua versão de “Les enfants du Pireé” , Misty, My Man, etc… foram completamente esquecidos.
    Será que um dia teremos a edição destas suas interpretações?
    Um abraço amigo.

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  5. Caro amigo
    Que bom ter trazido aqui Paula Ribas!
    Há tanto tempo que não ouvia falar dela.
    Que ela tinha feito a maior parte da sua carreira artística no estrangeiro, eu sabia,mas desconhecia assim em pormenor. Gostei muito de saber.
    Porque o fez? Pelos mesmos motivos por que o fizeram tantos outros - falta de perspectivas de evolução na carreira. Éramos tão pequeninos!!!
    Esta interpretação de "My man" é realmente bastante boa.
    Faz, de facto, lembrar o estilo de Barbra Streisend (embora Barbra haja só uma!!!).
    Obrigada por ter-me trazido à memória tão boas recordações...

    Um dia feliz

    Beijinhos
    Mariazita

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  6. Amiga Mariazita

    Paula Ribas tinha muitas potencialidades, mas sentia-se muito limitada a um meio musical pequeno demais em todos os sentidos.
    Dado que ao contrário da maioria conseguia fazer espectáculos no estrangeiro sem ser para emigrantes, optou por essa via para desenvolver a sua carreira, o que não era muito bem visto por cá, já que eram poucos os que tinham essa capacidade (Amália, Duo Ouro Negro, Simone, Rui de Mascarenhas e Madalena Iglésias) e muitos os que se roíam de inveja por isso mesmo.
    Nessa medida, já que não tinha tempo para participar em Festivais caseiros e os autores também não lhe facultavam um repertório que a satisfizesse, o caminho acabou por ser a residência permanente no exterior.
    Foi de facto uma excelente cantora, mas bastante mal aproveitada pelos autores nacionais.
    Um beijinho com amizade

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  7. Fantástico, amigo Com Senso!
    Por isto e muito mais gosto de visitar o seu Blog!
    Saio sempre daqui mais enriquecida com os conhecimentos que adquiro.
    Grata por partilhar o percurso de vida de Paula Ribas que só conhecia das tais canções que iam passando na Rádio, desconhecendo o seu percurso no estrangeiro.
    E que voz tinha!
    Portugal nunca soube dar valor aos seus filhos.
    Hoje, como ontem, quem quer progredir na sua carreira tem que emigrar, porque pelos mais variados motivos continuamos a não dar o devido valor a quem merece.
    Mais uma vez o meu bem-haja por nos recordar factos como este que merecem ser divulgados.
    Um beijinho.

    P.S. Obrigada pela visita ao meu cantinho e palavras de fé ali deixadas.

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  8. Tantos ecos que acordas nas minhas memórias! Obrigada por isso, e pelo excelente artigo sobre esta mulher forte:))

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  9. Querido amigo
    Acabei de ler o seu comentário a Anita, cujas considerações apreciei bastante.
    Ela não teve uma vida nada...monótona.
    Teve o destino a que não pôde fugir, atendendo à época em que viveu - meados do século passado.
    Aguardemos a continuação.

    Uma noite feliz.

    Um beijinho muito amigo
    Mariazita

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  10. Obrigada por me teres proporcionado a possibilidade de ouvir a voz cristalina da Paula Ribas, que não conhecia, a cantar esta canção que não é bem do meu tempo mas que conheço perfeitamente por ter sido cantada por vários cantores franceses como "C'est mon homme".

    Verdinha

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  11. Com senso, amigão
    Quando as hipóteses são apenas UMA não há dificuldade de escolha... :)

    Anotei o seu voto, que agradeço.

    Que vença a melhor (o que nem sempre acontece!).

    Abraço fraterno
    Botinhas

    PS - MUITO BOM, ESTE SEU POST.
    EU GOSTAVA MUITO DE OUVIR A PAULA RIBAS. FRANCAMENTE DESCONHECIA O TRAJECTO DELA. GOSTEI DE SABER.

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  12. Acredito que há uma crueldade inconsciente por trás dos fãs, do mesmo modo que idolatram um artista, num piscar, também o lançam ao abismo do esquecimento. O que não é o caso desta cantora, que optou por uma carreira internacional. A convivência é significativa, conta muito. Por tais razões, não surpreende o comportamento dos portugueses referente à esta artista.
    Agora, aqui entre nós, caro amigo, com pernas assim, esta garota, a Mistinguett, tinha mesmo era de pô-las no seguro. E pensar que naquele tempo nenhuma mulher passava três horas diárias numa academia de ginástica, hein?
    Um abraço!

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  13. Mais uma coisa que aprendi!
    Realmente, como se conhece pouco aspectos da história recente do nosso país...

    Abraço!

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  14. eu é que agradeço por teres a gentiliza de publicares esta pequena pérola que desconhecia...What's hapenned to Paula Ribas?

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  15. Olá é sempre com grande alegria que visito este importante espaço. Honrado e feliz. Quero agradecer sua amizade, atenção e gentileza. Muito obrigado! Parabenizo você pela harmonia e qualidade deste trabalho. Grande tema, ótima escolha, bela homenagem, sensivel, nobre, uma preciosidade, gostei. Valeu ter passado aqui. “Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” Cora Coralina. Encontrar-nos-emos sempre por aqui. Aguardo sua visita, passa lá! E volte sempre! Tenha um agradável e feliz fim de semana. Muita paz, brilho, proteção e sucesso. Tudo de bom, prosperidade... Fique com Deus. Forte e caloroso abraço.
    Valdemir Reis

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  16. Querido amigo
    Agradecendo em nome da Anita...desejo uma óptima semana.

    Beijinho com muita amizade
    Mariazita

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  17. Com senso, amigão
    Pela minha parte...apoio a 100%.
    Só precisamos convencer a freirinha...
    Talvez metendo uma cunha à madre...ainda que tenha que se lhe dar umas "luvas"... :)))

    Abraço fraterno
    Botinhas

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