terça-feira, junho 30, 2009

Uma voz que o ladrão não quis escutar

Claudya é, para mim, uma referência musical do Brasil, há mais de 40 anos.

Surpreendi-me portanto quando me apercebi que o seu nome, para alguns da minha geração, nada dizia.




Surpreendi-me também com a dificuldade em encontrar os seus discos em Portugal e, quando, há quase quinze anos atrás, encontrei um seu CD ENTRE AMIGOS gravado em conjunto com o conjunto de jazz Zimbo Trio, resolvi comprar alguns exemplares, para oferecer a alguns amigos…




Mais me surpreendi ainda, com algum embaraço, confesso... quando aconteceu que um desses amigos, que foi deixando o CD no carro (juntamente com outros CDs, é certo) viu a sua viatura assaltada e constatou que o malandro do ladrão roubou, entre outras coisas, todos os CDs que lá guardava, menos o da Claudya.

Nesse momento, admito, que comecei a pensar que tinha uns gostos musicais tão maus, que até mesmo os bandidos se recusavam a roubar os discos da minha preferência…




Claudya começou a sua carreira no inicio dos anos 60 e, dotada de uma voz excepcional, foi-lhe logo colocado o epíteto de rival de Elis Regina… Aliás veio a saber-se depois que elas de facto não se davam nada bem…

Nesses anos 60 e depois nos anos 70 ocorriam inúmeros festivais internacionais e Claudya participou em vários, ganhando invariavelmente todos os prémios de interpretação que havia para ganhar.

Teve enormes sucessos populares, nomeadamente com a sua versão de “Jesus Cristo” de Roberto Carlos e viu depois o seu reconhecimento alargar-se ao ser a protagonista do musical EVITA no Brasil, com dois anos consecutivos de lotações esgotadas e com elogios críticos, quer de toda a imprensa brasileira, quer da própria revista TIME.

Após ter recebido mais um prémio de interpretação nas Olimpíadas da Canção em Atenas no inicio dos anos 70 foi convidada para solista da orquestra de Ray Coniff, que na altura era uma das mais famosas do mundo.





Claudya não aceitou o convite para se radicar nos Estados Unidos, ficou-se pelo Brasil e acabou por construir uma agradável, mas simultaneamente discreta carreira que, em Portugal passou completamente despercebida.

Teve, apesar disso, fora do seu país, alguns sucessos inesperados:

Uma inicialmente pequena estadia no Japão, transformou-se numa temporada de vários meses, que veio a originar um disco em japonês que vendeu mais de 200.000 exemplares.

Feito este modesto resumo sobre esta cantora do país irmão, sugiro agora, desafiando a vossa paciência, para afinal verificarem se quem tinha razão era eu ou o miseravel do ladrão...

Assim, deixo-vos aqui algumas canções da já longa carreira de Claudya:

A primeira, encontra-se no tal CD que o larápio não quis levar.

Trata-se de “Brasileirinho” uma música escrita pelo mestre do cavaquinho Waldir de Azevedo sendo aqui a voz espantosa de Claudya utilizada como se daquele instrumento se tratasse.



A segunda é um clássico de Paulinho Tapajós ,também incluído nesse mesmo disco desprezado pelo energumeno, e que se chama "Cantiga por Luciana"



Por último duas músicas já com 40 anos. Foram as músicas que me deram a conhecer a voz Claudya e me fizeram ficar a admirá-la.

A primeira, da autoria de Marcos Valle, vem do tempo em que eu achava que quem tinha mais de 30 já era velho… Era uma das minhas "cantigas de cabeceira" em 1971... Coisas de juventude…



A segunda, escrita por Ivan Lins, da mesma época da anterior, torna fácil perceber porque razão se comparava Claudya com a querida e saudosa Elis...




Uma observação final, para dizer que Claudya se começou por chamar Claudia Oliveira, depois Claudia e por último Claudya... curiosos efeitos de quem é crente na numeralogia...

5 comentários:

  1. Primeiro ponto e tenho pena de mim mesmo: nunca tinha ouvido falar de Caudya...
    Segundo ponto: o ladrão é tão digno de pena como eu, porque recusou levar a voz, além de ser muito feio roubar...
    Terceiro ponto: quase inimaginável o primeiro vídeo (sublime); dispensável (???) o segundo e concordo em absoluto com a comparação com Elis nos dois restantes.
    Obrigado por este teu "regresso".
    Abraço amigo.

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  2. Eu também não conhecia. Agora, depois de ouvir,não consigo vislumbrar qualquer razão para a negligência do ladrão. Provavelmente só a sua ignorância. Mesmo em ladrões com a escolaridade obrigatória há casos graves de lacunas científicas e metodológicas! Um aspecto a ter em conta no próximo PISA!

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  3. Meu caro amigo
    Eu tinha notado a sua falta, sim, mas...nem sempre a nossa assiduidade é igual ao nosso desejo.
    Eu também tenho feito poucas visitas porque tenho um problemita na coluna que às vezes se lembra de dar sinal de si...e quando isso aontece não posso estar muito tempo seguido no pc.
    Vamos vivendo conforme podemos...

    Eu lamento ter que juntar a minha voz às dos comentadores anteriores.
    Tembém eu não conheci essa actriz que, a julgar pelas amostras que tão gentilmente aqui nos trouxe, deve ter sido muito boa mesmo.
    Mas...eu tenho uma desculpa :). Nos anos 60 e quase até finais de 70 estive a maior parte do tempo ausente do país.
    Do que por cá se passava só tinha conhecimento através de correspondência...
    Será que isto serve de desculpa??? Ou é um pouco esfarrapada???

    Bom fim de semana.

    Beijinhos com muita amizade
    Mariazita

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  4. Meu querido amigo
    De facto a Anita e o Humberto mereciam acabar juntos os seus dias.
    Só que, no caso de virem a ter filhos, era mesmo uma grande salada!
    Nem sei bem como seria aquele parentesco, mas parece-me que havia filhos irmãos dos pais e tios filhos dos sobrinhos...
    Ná, tenho que pensar melhor no assunto :)))

    Boa semana e uma noite feliz

    Beijinhos com muita amizade
    Mariazita

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  5. Também não conhecia. Bem-hajas por no-la teres trazido ao nosso conhecimento.
    Voltarei para ler o texto na totalidade e deixar o comentário.

    Beijinhos

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